Centralcer
responsabilizada
pelos problemas na Unicervi
Cem trabalhadores da distribuidora Unicervi, onde se mantém a paralisação iniciada a 16 de Março, deslocaram-se anteontem de Grândola e de Palmela até à sede da Centralcer, em Vialonga, para exigirem que esta assuma as suas responsabilidades e evite o despedimento colectivo de 55 pessoas.
A concentração frente à Centralcer foi decidida na segunda-feira, em plenário, depois de se terem revelado infrutíferas as diligências feitas junto do Governo e do PR, e face à posição irredutível da gerência da Unicervi - informou o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal. Em declarações à Lusa, um membro da direcção do CESP/CGTP defendeu que a resolução dos problemas da Unicervi passa por um acordo entre os trabalhadores, que são os principais credores da empresa, e a Centralcer. Manuel Guerreiro disse que tal acordo «é inevitável» e que «se não for antecipado, como pretendem os trabalhadores, terá de ser conseguido mais tarde, em tribunal». O Governo «podia ter um papel importantíssimo, se promovesse esta tentativa de acordo, com vista à nomeação de numa nova administração da Unicervi», acrescentou.
Distribuição pressionada
A situação da
Unicervi é comum a todas as empresas do sector da distribuição
tradicional de águas, sumos e refrigerantes, denuncia o CESP.
Num comunicado que divulgou na segunda-feira, o sindicato acusa a
Centralcer, a Unicer, a Sumolis, as Águas das Pedras e outras
fábricas de «encostarem as distribuidoras exclusivas à parede,
com sucessivas exigências». Entre outros factos, o CESP afirma
que as fábricas retiram às distribuidoras os principais
clientes, concedendo-lhes benefícios de preços e condições de
pagamento, o que cria situações em que os super e hipermercados
e os grandes armazéns conseguem vender as bebidas a preços mais
baixos do que os praticados para os distribuidores tradicionais.
No caso da Unicervi, «é óbvia a responsabilidade da
gerência», mas a crise da empresa foi profundamente agravada
depois da Centralcer ter suspendido o fornecimento e criado uma
rede de distribuição alternativa. Por tudo isto, os
trabalhadores exigem que a cervejeira assuma as suas
responsabilidades, apoie a viabilização da Unicervi e a
continuação dos postos de trabalho.