Filipovic e Drulovic, na Praça da Batalha
Porto
manifesta-se contra guerra
Todos os dias surgem mais protestos contra os ataques da Nato. Na semana passada, a cidade do Porto foi palco de uma manifestação que contou com a presença de mais de mil pessoas. Entretanto, aumenta o número de organizações que exigem o fim dos bombardeamentos.
Mais de mil pessoas
concentraram-se na Praça da Batalha, no Porto, para protestar
contra a guerra na Jugoslávia, no passado dia 31, respondendo ao
apelo do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).
Numerosas personalidades estiveram presentes na iniciativa, entre
elas Ilda Figueiredo, cabeça de lista da CDU às eleições
europeias, Emídio Ribeiro, membro da Comissão Política do PCP,
o treinador de futebol Filipovic e o jogador Drulovic.
Os manifestantes aprovaram por unanimidade uma moção que
condena os ataques na Nato e exige o fim imediato das operações
militares e o regresso dos soldados portugueses envolvidos. O
documento, entregue ao Governo Civil do Porto e ao Consulados dos
Estados Unidos, apela ainda ao empenho da comunidade
internacional na busca de uma solução política para o
conflito, com respeito pelos direitos humanos e pela soberania
dos estados.
Na ocasião, José Morgado, representante da CPPC, afirmou que
«a actual agressão tem o objectivo de reforçar a presença
militar dos EUA no centro da Europa e castigar todos os que se
oponham à concretização dos seus objectivos expansionistas».
Filipovic e Drulovic, defendendo que as armas nunca construiram a
paz, explicaram a importância histórica do Kosovo para a
Sérvia.
A iniciativa contou com o apoio de numerosas organizações como
o PCP, a JCP, a Federação Académica do Porto, a Associação
de Estudantes da Faculdade de Letras, a Comissão Nacional da
Pastoral Operária e a União dos Sindicatos dos Porto, bem como
de vários sindicatos como o dos Professores, dos Médicos, da
Função Pública, dos Seguros, dos Trabalhadores de Vestuário e
das Indústrias Gráficas.
Entretanto, o abaixo-assinado contra a guerra tinha recolhido
até segunda-feira cerca de 150 assinaturas na cidade do Porto.
Entre outros, contam-se os nomes de Ilda Figueiredo, do
historiador Óscar Lopes, do escritor e jornalista Viale
Moutinho, do professor catedrático José Morgado, dos actores
Alexandre Falcão e Júlio Cardoso, e dos artistas plásticos
Elsa César, Rodrigo Cabral e Isabel Cabral. De referir que mais
de 30 jornalistas do Jornal de Notícias também assinaram o
documento.
O Movimento pelo Fim da Nato realiza hoje encontro público sobre
os 50 anos da Nato, na Praça da Ribeira, às 18h30.
Protestos alastram
Entretanto, ao longo da última semana, multiplicaram-se um pouco por todo o país iniciativas e tomadas de posição que condenam a agressão da NATO à Jugoslávia.
Na Assembleia da
República, os três vice-presidentes subscreveram uma
declaração conjunta em que sublinham que as acções da
Aliança Atlântica «foram decididas sem um mandato do Conselho
de Segurança e à margem da Carta das Nações Unidas, o que
constitui um grave precedente».
Os signatários, João Amaral, do PCP, Manuel Alegre,
do PS, e Mota Amaral, do PSD, considerando «necessário e
essencial o reforço do prestígio e autoridade da ONU», apelam
para «a cessação das operações em curso e para retoma das
negociações sob a égide da ONU, tendo em vista uma solução
justa com o regresso dos refugiados ao Kosovo e o respeito pelos
direitos de todas as part4es envolvidas»
Em Aveiro, dezenas de pessoas participaram na quinta-feira, dia 31, numa acção de protesto contra a intervenção da NATO na Jugoslávia, convocada pela União de Sindicatos do distrito com o apoio da Direcção Regional do PCP. A iniciativa realizou-se junto do Governo Civil de Aveiro onde os manifestantes entregaram uma moção.
Para ontem, a Direcção Regional de Lisboa do PCP tinha marcada uma acção de esclarecimento, no Rossio, sobre a guerra na Jugoslávia, a posição do governo português e o envolvimento de Portugal.
Também a Direcção Regional de Setúbal do PCP tem marcada para hoje uma acção de esclarecimento junto ao terminal fluvial de Cacilhas
À nossa redacção chegaram ainda condenações das acções militares da NATO e manifestações de solidariedade com o povo jugoslavo enviadas pelo Movimento Democrático das Mulheres, pela Federação Nacional dos Professores, pela Associação Portuguesa dos Deficientes, pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Sul, pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritórios e Serviços de Portugal, pela Câmara Municipal de Alcochete, e pela divisão de desporto da CM do Seixal, esta última dirigida ao jogador Drulovic, do Futebol Clube do Porto.