Brucelose
Estratégia
falhada
As
associações de agricultores de Trás-os-Montes, filiadas na
CNA, criticam a estratégia da Administração Pública pelas
elevadas taxas de prevalência dos reagentes à brucelose, que
são hoje superiores à data do início do programa.
Os milhões de contos gastos no rastreio, exames laboratoriais e
abate apenas «ajudaram a aumentar a brucelose e a engordar
esquemas de funcionamento menos transparentes».
Esta foi uma das
conclusões de um debate realizado no passado dia 28 de Março,
em Vila Real, sob o lema «Sanidade animal mais eficaz
condição para a sobrevivência da agricultura familiar», no
qual participaram cerca de duas centenas de agricultores,
pastores, dirigentes associativos, o sub-director geral da
Direcção Geral de Veterinária, deputados do PCP e do PS e
diversos técnicos sanitários da Administração Pública.
Entre os erros que estiveram na origem do fracasso total do plano
oficial do combate à doença da brucelose, o debate apontou a
decisão de interromper as campanhas de vacinação só retomadas
há dois anos. Por isso, hoje cerca de 10 por cento dos animais
rastreados na região têm brucelose. No ano passado, foram
abatidos mais de 30 mil pequenos ruminantes e cerca de 60 por
cento das explorações rastreadas têm o estatuto B2.2, o que
equivale a uma penalização aos produtores no pagamento
compensatório. Esta grave situação faz com que 34 por cento da
brucelose humana se situe em Trás-os- Montes.
No encontro sublinhou ainda que não foram tidas em conta os
problemas sociais, a especificidade da região, com as suas micro
explorações e a apascentação conjunta dos rebanhos. Por outro
lado, tiveram também efeitos negativos os atrasos nos pagamentos
pela retirada de animais que atingem actualmente os seis meses,
bem como a debilidade da associações de produtores.
Pastores sem ajudas
Por unanimidade, os
participantes aprovaram uma moção em que qualificam a Agenda
2000 como uma «grande derrota para a agricultura transmontana e
duriense». Designadamente, a moção refere que, na campanha de
1997/98, dos cerca de 4500 pastores, mais de 300 não receberam
quaisquer subsídios e cerca de 50 mil ovinos e caprinos, dos 360
mil existentes, não tiveram direitos ou quotas atribuídas.
Com o acordo obtido, esta situação agrava-se a partir do ano
2000, altura em que serão eliminadas as indemnizações
compensatórias, passando a esmagadora maioria dos pastores a ter
apenas acesso ao prémio à produção.
Refira-se que em 1997/98, cerca de 24 mil agricultores
transmontanos receberam pelos animais um milhão e 400 mil contos
e pelas superfícies 1300 contos. Isto significa que mesmo que se
verifique um ligeiro aumento no montante às superfícies, este
ficará muito aquém dos valores até aqui recebidos pelos
animais. Acresce que a maioria dos pastores não é proprietária
de terra, ficando por isso sem direito às indemnizações
compensatórias de superfície.
Até ao momento, os compadres dos baldios e os seus órgãos
gestores não conseguiram eleger os cerca de 180 mil hectares de
área baldia nas medidas agro-ambientais e, ao contrário de toda
a área do Alentejo que é elegível, fala-se que o Quadro
Comunitário de apoio vai continuar a marginalizar os baldios por
falta de titularidade dos terrenos.