Maternidade de Ovar
Não ao encerramento


Depois de repetidas vezes ter negado o encerramento da Maternidade do Hospital de Ovar, o presidente da Câmara veio agora declarar a concretização desse projecto que alegadamente «representa um perigo para a saúde pública», contradizendo afirmações do próprio Director hospitalar e contra a vontade da população vareira, expressa há um ano num abaixo-assinado que recolheu mais de três mil assinaturas.

A Comissão Concelhia de Ovar afirma que esta «verdadeira amputação» do Hospital insere-se na política neoliberal seguida pelo PSD e agora pelo PS que pretende «aliar uma estratégia de desinvestimento no Sistema Nacional de Saúde, com uma escandalosa subserviência face aos interesses privados que gravitam à volta da saúde». Aliás, a opção de concentrar serviços em m ega-hospitais apenas implicará «maiores dificuldades, sobretudo para aqueles que não possuem meios próprios de transporte.»
O PCP – partido que contra os que apostam na privatização se tem batido pela defesa e melhoramento do SNS -, demarca-se ainda das manobras demagógicas do PSD, ao convocar os outros partidos políticos para uma reunião de trabalho cobre a maternidade de Ovar.
É que, lembram os comunistas - na recente discussão sobre o problema das listas de espera, de que resultou a aprovação de uma proposta do PCP visando o integral aproveitamento da capacidade instalada na rede de serviços de saúde, o PSD limitou-se a propôs a possibilidade de os utentes recorrerem a serviços privados comparticipados pelo Estado.
Por seu lado, o PCP tem apresentado inúmeras propostas no sentido da defesa dos interesses das populações, como seja, entre outras, o fim da promiscuidade que existe entre público e privado em grande parte dos estabelecidos públicos, a introdução de genéricos ou a redução de gastos excessivos em medicamentos (casos havendo em que a cedência gratuita de medicamentos aos utentes dos Centros de Saúde fica mais barata ao Estado do que a actual comparticipação).
Por isso, os comunistas não reconhecem ao PS e ao PSD qualquer legitimidade para se autoproclamarem defensores do SNS - já que são os «únicos e verdadeiros responsáveis» pela situação a que se chegou, que leva a que os portugueses sejam os que, na Europa, mais pagam para a saúde e, provavelmente, piores serviços têm – e exortam os cidadãos de Ovar a manifestarem o seu repúdio pelo encerramento da maternidade.


«Avante!» Nº 1326 - 29.Abril.1999