Fórum
alerta
Privatizações
precarizam trabalho
No sentido de alertar para a situação resultante das políticas privatizadoras que têm atingido os serviços públicos, o PCP levou a cabo, no dia 20 de Abril, um conjunto de acções, dentre as quais se destaca o fórum sobre defesa e melhoria dos serviços públicos que se realizou, no Hotel Continental, em Lisboa, com a participação de Carlos Carvalhas.
A privatização em
serviços públicos fundamentais, como transportes,
telecomunicações, correios, electricidade, gás e água tem
levado a aumentos escandalosos dos preços, à diminuição da
qualidade dos serviços prestados, a crescentes desigualdades no
seu acesso e à eliminação de postos de trabalho e direitos dos
trabalhadores. Ao mesmo tempo, através do crescente controlo das
empresas prestadoras destes serviços, os grupos económicos e
financeiros arrecadam milhões de contos de lucro.
O Fórum - que contou ainda com a participação de Francisco
Lopes, Rosa Rabiais e Jerónimo de Sousa, dirigentes nacionais do
Partido, Dias Coelho e José Caetano, respectivamente da
Direcção da Organização de Lisboa e de Setúbal, os deputados
Rodeia Machado (Assembleia da República) e Sérgio Ribeiro
(Parlamento Europeu), diversas associações e comissões de
utentes e representantes de sindicatos e de trabalhadores de
autarquias - denunciou o facto de estes processos de
privatização se subordinarem exclusivamente a uma lógica do
lucro.
É assim que as facturas a pagar pelos serviço prestados incluem
não só o investimento para a sua manutenção e desenvolvimento
mas também uma elevada taxa para garantir os lucros dessas
empresas.
Francisco Lopes lembra que foi a colocação em primeiro lugar
dos interesses das populações e a adopção de uma lógica de
serviço público que permitiu, a seguir ao 25 de Abril, levar
estes serviços essenciais a todos os pontos do país. Serviços
a que, pela sua importância, impõe-se agora garantir a
qualidade e o desenvolvimento em condições de igualdade e de
preços acessíveis.
Não é, porém, o que está a acontecer. As privatizações
prosseguem e «os problemas tendem a agravar-se e a estender-se a
novas áreas e serviços, afectando o país e prejudicando os
interesses das populações».
Por isso, o dirigente comunista considera necessário um outro
caminho, que passa pelo restabelecimento da lógica do interesse
público, pela luta quotidiana em sua defesa, pelo prosseguimento
da importante intervenção do PCP na Assembleia da República,
no Parlamento Europeu e na acção directa de contacto com a
população e os utentes.
Atender a especificidades
Sérgio Ribeiro, por
seu turno, demonstrou que «a construção europeia é
compatível com o serviço público». E, afirmando que não pode
existir uma noção de serviço público europeu, «já que há
que atender às especificidades de cada Estado-membro»,
exemplificou com a aviação civil que no Luxemburgo e na
Alemanha não podem ser serviço público, no primeiro caso pela
sua pequena dimensão, no segundo por este país estar bem
servido de transportes, mas que, em Portugal, tem de o ser,
nomeadamente para acorrer ao caso específico dos Açores e da
Madeira.
Já para Carlos Carvalhas, cuja intervenção encerrou os
trabalhos, a lógica neoliberal implica precisamente «a
socialização dos custos e a privatização dos lucros» e é,
por isso que a privatização dos serviços públicos é sempre
antecedida de um discurso «que tenta fazer passar a mensagem que
o serviço público é caro e ineficaz». A lógica é, todavia,
sempre a da «maximização do lucro», acabando-se muitas vezes
com serviços não lucrativos mas necessários e cuja extinção
«piora o atendimento das populações».
Por norma, «a privatização encarece o serviço», dá
prioridade «ao aliciamento do consumo das classes médias e
alta» e «precariza o trabalho», sublinhou o secretário-geral
do PCP, alertando, por fim, para o facto de «as transnacioais,
principais beneficiárias das políticas de privatização, terem
70 por cento do comércio internacional e darem apenas três por
cento do volume de emprego».