Greves
também de enfermeiros, pescadores e pessoal do Gás
Ferroviários
param amanhã
Os trabalhadores exigem melhores salários, estabilidade de emprego e o fim do ataque aos direitos conquistados pelas lutas travadas ao longo de gerações.
Os trabalhadores da
CP, REFER e EMEF estão amanhã em greve, para fazer avançar as
negociações em curso nestas empresas e criar condições para
um acordo rápido. Na base da declaração de greve refere
a Federação dos Ferroviários - estão as atitudes tomadas
pelas administrações destas empresas, no caso da REFER e EMEF
com a suspensão unilateral das negociações e, no caso da CP,
pelo protelamento das mesmas.
O objectivo destas manobras, acusa noutro comunicado o Sindicato
dos Ferroviários do Centro, é a tentativa de aplicar baixos
salários e retirar direitos aos trabalhadores, com o
beneplácito dos «"sindicalistas" do costume» que
assinaram um acordo que «atira para o lixo» direitos
conseguidos com a luta de «gerações de ferroviários».
Com a entrada em vigor do presente acordo de empresa «toda a
regulamentação aplicável às relações de trabalho dos
trabalhadores ao serviço da empresa» seria revogada.
Os trabalhadores do Grupo Gás de Portugal, por sua vez,
decidiram, na sexta-feira passada, prosseguir a luta em defesa
dos postos de trabalho, dos direitos e da manutenção dos
vínculos laborais, tendo já entregue um pré-aviso de greve a
partir de 4 de Maio e com duração indeterminada.
A decisão vem na sequência do comportamento da Administração
do Grupo GDP e do Governo, de fuga ao diálogo com as
organizações representativas dos trabalhadores e de recusa a
assumir quaisquer compromissos relativamente à salvaguarda do
emprego e dos direitos.
Também da sexta-feira, os Centros de Saúde funcionaram sem enfermeiros,
que nesse dia aderiram massivamente à greve nacional decretada
pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
A greve, cuja adesão, segundo o SEP, atingiu os 80 por cento,
teve em vista a equiparação da carreira de enfermagem aos
valores das Carreiras Técnicas e Técnica Superior da
Administração Pública, melhores condições de trabalho e a
aplicação prevista na lei de horário acrescido a todos os
enfermeiros que para tal se disponibilizem, de forma a diminuir a
carência de profissionais.
Em greve há mais de três semanas, com uma adesão de quase 100
por cento, encontram-se também os pescadores do arrasto
costeiro com vista a uma negociação séria do seu Contrato
Colectivo de Trabalho e melhores condições de vida.
Os pescadores vivem de salários baixos (25.500$00 é o salário
base garantido) e dependentes da sorte da pesca e do valor que
comerciantes e intermediários queiram dar ao pescado, com uma
percentagem de pesca que não é alterada há cerca de 30 anos e
trabalhando em condições de grande risco e penosidade 16 a 20
horas diárias, fins de semana e feriados. Ontem, junto à
Assembleia da República, uma delegação de pescadores decidiu
protestar, montando uma mesa com lugares para o
primeiro-ministro, os ministros do Trabalho e da Agricultura e
representantes de cada Grupo Parlamentar, a quem iam oferecer uma
caldeirada com peixe de rio, já que no mar português não
pescam há mais de três semanas.