Um
marco histórico
para a agricultura familiar
«O 25 de Abril foi um marco histórico para a agricultura portuguesa e, em particular, para a agricultura familiar e para os povos dos baldios», afirma a Confederação Nacional da Agricultura - CNA, num apelo dirigido a todos os agricultores para a sua participação nas comemorações do aniversário da revolução.
Uma participação
tanto mais necessária quanto se avizinham dias difíceis,
com a Reforma da PAC, aceite pelo governo português, o
alargamento da União Europeia a Leste, as negociações da
Organização Mundial do Comércio, «em suma, com a
globalização do mercado agro-alimentar».
O documento da CNA dá particular realce às - muitas -
transformações positivas que o 25 de Abril, trouxe à
agricultura, uma política que viria a ser invertida a partir de
96.
Da nova política agrícola implementada pela revolução, a
Confederação destaca diversas mudanças e iniciativas
transformadoras.
Antes do mais, a devolução dos baldios aos povos serranos, a
transformação em cooperativas dos antigos Grémios da Lavoura,
«organizações corporativas, controladas por grandes
proprietários, em muitos casos absentistas», o desaparecimento
da Junta de Colonização Interna, «instituição essencial de
uma política agrícola ao serviço dos grandes proprietários».
Com o 25 de Abril veio «o aumento do trabalho e da produção
agrícola do país, em particular pelo bom aproveitamento de
terras abandonadas ou mal aproveitadas por grandes proprietários
absentistas», sublinha a CNA.
Veio ainda um Lei do Arrendamento Rural justa, que «obrigava à
celebração do contrato por escrito e fixava tabelas de valores
máximos de rendas, abrangendo também os seareiros de
campanha». Simultaneamente foi reforçada a segurança dos
rendeiros, «pela fixação de prazos mínimos de arrendamento
que garantissem a sua estabilidade e da sua família».
A Confederação lembra, por outro lado, a transformação de
estruturas estatais como a Federação Nacional dos Produtores de
Trigo, Juntas do Vinho, Fruta e Produtos Pecuários, antes
dirigidas em função dos interesses dos «grandes proprietários
ligados à ditadura», e que «passaram a funcionar em moldes
radicalmente diferentes na intervenção e regulamentação dos
preços agrícolas, ao serviço da pequena e média lavoura e do
próprio consumidor».
Um quadro de mudanças, em grande medida fruto das «novas e boas
leis publicadas e as políticas agrícolas correctas realizadas
pelos Governos Provisórios», que levou ao desenvolvimento do
livre associativismo dos agricultores e à criação da CNA.