Chipre
Partidos de Esquerda
contra agressão da NATO


Por iniciativa do AKEL - Partido Progressista do Povo Trabalhador de Chipre - realizou-se em Nicósia, em 21 e 22 de Abril, uma "reunião de partidos de esquerda da Europa sobre o problema Jugoslavo" em que foi adoptada uma resolução condenando a guerra dos EUA/NATO contra a Jugoslávia e discutidas eventuais iniciativas comuns ou convergentes visando parar a agressão à Jugoslávia e alcançar uma solução política para o problema.

Nesta reunião, presidida pelo Secretário Geral do AKEL, Demetris Cristofias, e em que participaram 16 partidos comunistas e outros partidos de esquerda da Europa Ocidental e Oriental, o PCP esteve representado por Albano Nunes, membro do Secretariado e Responsável da Secção Internacional.
Na ocasião teve também lugar um comício em que, além dos dirigentes do AKEL, intervieram Gennadi Ziuganov, Presidente do Partido Comunista da Federação Russa e Lothar Bisky, Presidente do Partido do Socialismo Democrático da Alemanha.
A resolução, que dada a sua importância a seguir se transcreve na íntegra, foi aprovada por unanimidade apesar da «avaliação diferente» que os seus subscritores fazem «das políticas seguidas pelo governo jugoslavo no Kosovo».

Resolução

A reunião de Partidos de Esquerda Europeus, na sequência de uma construtiva troca opiniões e reflexões, acordou na seguinte resolução:

Condena veementemente o ataque dos E. U.A e da NATO e bombardeamento da Jugoslávia e exige seu cessar imediato. O bombardeamento viola flagrantemente o Direito Internacional e a Carta da ONU, dinamitando os seus alicerces.

Expressa a plena solidariedade e apoio ao povo jugoslavo sujeito a tão dura prova. Expressa a sua preocupação sobre o destino do povo jugoslavo no momento actual e no futuro.

Exige o fim imediato do bombardeamento e das hostilidades da NATO no Kosovo. Apoia o reatar de um diálogo político sob os auspícios das Nações Unidas e com a participação da Rússia, com o objectivo de conduzir à solução pacífica do problema de Kosovo. A solução deve assegurar o estabelecimento do direito à autonomia do Kosovo, e proteger os direitos humanos e políticos de seus habitantes. Ao mesmo tempo, no entanto, deve reconhecer e assegurar a soberania, a integridade territorial e as fronteiras da República Federal da Jugoslávia.

Condena as intenções dos EUA e da NATO de utilizar forças terrestres na RFJ. Tal acção irá desestabilizar ainda mais a situação nos Balcãs. Criará perigos para um conflito mais amplo com consequências incalculáveis para a Humanidade e não contribuirá para conseguir uma solução.

Expressa preocupação pelo constante crescimento do número de refugiados e as suas terríveis condições de vida. Insiste na garantia do direito ao regresso de todos os refugiados e na criação de pré-condições que lhes permitam o regresso às suas casas em segurança.

Apela aos países para onde os refugiados se dirigem para que respeitem a Quarta Convenção de Genebra sobre Refugiados, para acolhê-los e criar condições para uma vida temporária confortável. Ao mesmo tempo, apela a todos os países que contribuam com ajuda humanitária, providenciando alívio aos refugiados.

Rejeita as propostas para que sejam tropas da NATO a garantia da solução. A solução deve ser garantida pelas Nações Unidas.

Expressa a preocupação de que a NATO, no quadro da chamada nova ordem, esteja a promover o seu papel como polícia do mundo com uma acção dirigida contra os interesses dos povos. Os seus novos princípios, que se espera sejam adoptados durante a 50ª sessão da NATO, conduzirão a uma maior substituição das Nações Unidas e ao uso aberto da força militar, sempre que considerarem que é isto que os interesses dos Estados Unidos e dos seus aliados exigem.

Concluiu tomar mais iniciativas concretas tendo em consideração propostas submetidas por vários partidos presentes neste encontro, tais como Marchas de Paz e escudos humanos e outras formas de mobilização da opinião pública.

A Resolução foi adoptada unanimemente embora os partidos tivessem uma avaliação diferente das políticas seguidas pelo governo jugoslavo no Kosovo.


«Avante!» Nº 1326 - 29.Abril.1999