Venezuela
A
caminho da Constituinte
Os venezuelanos foram Domingo às urnas para responder, em referendo, a duas questões que podem mudar significativamente a vida política do país.
«Concorda com a
convocação de uma Assembleia Constituinte com o objectivo de
transformar o Estado e criar um Novo Ordenamento Jurídico que
permita o funcionamento de uma democracia social e
participativa?», a primeira pergunta, recolheu 87,95 por cento
de votos a favor e 7,9 por cento de votos contra.
A segunda, respeitante à aprovação das normas de convocação
da Assembleia, contou com 81,62 por cento de votos
sim e 14,9 por cento de votos não.
Se os resultados do
referendo agradaram ao governo do presidente Hugo Chávez, o
mesmo não se pode dizer da participação eleitoral: votaram
3.421.776 eleitores, ou seja, 39,1 por cento do eleitorado. Os
60,9 por cento de abstenção não invalidam o resultado da
consulta, dado ter sido previamente aprovado que o referendo
teria um carácter deliberativo desde que o número de votos a
favor fossem simplesmente superior ao dos votos contra.
Segundo Hugo Chávez, no Domingo foi lançada a primeira pedra
para a implementação de "uma verdadeira democracia" e
a substituição da velha ordem "corrupta" e
"decrépita".
De acordo com o aprovado em referendo, a Assembleia Constituinte
terá apenas uma câmara, composta por 131 membros eleitos
nominalmente por voto directo, que disporá de seis meses para
elaborar a nova Constituição, cuja promulgação está agendada
para 5 de Janeiro do ano 2000.
Congresso
aprova
Lei Habilitante
Entretanto, o
presidente Hugo Chávez conseguiu o mandato para legislar por
decreto em matérias económicas e sociais, dispondo de 7,7 mil
milhões de dólares do Orçamento de Estado para projectos
especiais.
Os poderes especiais do presidente foram aprovados pelo Congresso
no dia 23, tendo sido votado conjuntamente pelo Parlamento e
Senado, após grande polémica. O projecto, conhecido como «Lei
Habilitante», é considerado pela oposição como «um cheque em
branco» ao presidente em questões fundamentais; por seu lado,
Chávez defende que a possibilidade de governar por decreto é a
forma mais expedita de fazer face à crise económica que o país
atravessa, pelo que chegou a ameaçar decretar um «estado de
emergência económica» e dissolver o Congresso e o Supremo
Tribunal se a lei não fosse aprovada. O Congresso acabou por
aprovar, por maioria simples, cerca de 90 por cento do pacote de
leis e projectos apresentados pelo executivo, aceitando discutir
posteriormente a reforma da lei dos hidrocarbonetos.
Com a nova legislação, Chávez propõe-se levar a cabo algumas
das suas promessas eleitorais, designadamente o aumento de 20 por
cento dos salários da função pública e o alargamento da base
dos beneficiários da segurança social. O pacote legislativo
visa ainda levar a cabo uma reforma da administração pública
para reduzir a burocracia, para além de uma reforma do imposto
sobre os rendimentos.