Comunicado
da Comissão Política
PCP
defende sanções contra a Indonésia
O PCP «tem acompanhado com crescente preocupação os mais recentes desenvolvimentos da situação em torno de Timor Leste», traduzidos «em sucessivos massacres e na instauração de um clima de terror por parte das "milícias integracionistas" cobertas pelos militares indonésios», afirma uma nota da Comissão Política divulgada na terça-feira à comunicação social.
Para o PCP, «a
conjugação da tenaz luta do povo timorense, da crescente
solidariedade internacional que suscitou e da profunda crise da
ditadura indonésia» criou perspectivas de «um salto
qualitativo» no processo de autodeterminação e independência
do povo maubere que hoje estão comprometidas com a «conivência
da chamada "comunidade internacional".»
De facto, «a brutal intensificação da repressão do movimento
de libertação timorense», combinada «com cínicas manobras no
plano político e diplomático e com a passividade das potências
imperialistas», torna real o perigo de o regime de Jacarta impor
os seus planos de continuação da ocupação de Timor Leste.
«É aliás evidente», diz o PCP, a pretensão por parte da
Indonésia de ver «um tal desenlace» legitimado no seguimento
do processo em curso, «com vista à realização de uma
"consulta ao povo timorense", num quadro de
intimidação da população», e escamoteadas as suas
responsabilidades na condução do processo.
Neste quadro, o acordo entre o Governo português e a Indonésia,
cuja assinatura estava prevista para ontem - apesar de se
desconhecer o seu conteúdo concreto -, deve assegurar, como
condição prévia, «a tranquilidade e a segurança das
populações, sem as quais não há nenhuma consulta
verdadeira.»
Assim, o PCP exige que o regime indonésio «ponha imediatamente
fim à onda de repressão e de terror que desencadeou em Timor
Leste, com o assassinato de centenas de timorenses, ameaças e
perseguições a quantos se opõem à ocupação indonésia,
populações deslocadas, dirigentes da Resistência perseguidos e
tornados reféns dos "integracionistas".» E,
considerando que «a permanência das forças de ocupação
indonésias em Timor põe em causa a auscultação livre e
democrática do povo timorense», aponta como «condições
mínimas e indispensáveis o desarmamento e a dissolução
imediata das " milícias integracionistas"; a
libertação de todos os presos políticos; o direito de regresso
dos timorenses exilados.»
Para o PCP é, ainda, necessário «confrontar o regime da
Indonésia com as suas responsabilidades e impor-lhe firmes
sanções, nomeadamente no plano político e militar, por parte
da ONU.»
Por fim, o PCP reafirma ao povo e à Resistência Timorense «a
activa solidariedade dos comunistas portugueses», afirmando que
«fará o que estiver ao seu alcance no plano institucional e
pela sua intervenção junto dos trabalhadores, da juventude, do
povo português para que prossigam e se intensifiquem as acções
de apoio e solidariedade à luta pela autodeterminação e
independência do povo de Timor Leste.»