Greve a mais de 80 por cento
Ferroviários aguardam
novas propostas


Continuam greves e lutas noutros sectores, com destaque para os pescadores do arrasto costeiro, paralisados desde o princípio de Abril, exigindo salários mais justos e mais estáveis, e que esta semana endureceram as formas de luta.

A greve na CP, Refer e EMEF, na passada sexta-feira, constituiu uma forte demonstração da mobilização dos ferroviários em torno das suas reivindicações, afirmou a Comissão Executiva da federação sindical do sector. Para a FSTFP/CGTP, durante esta semana as administrações deveriam avançar com «propostas que possibilitem a assinatura de um acordo a breve prazo».
A greve de 24 horas, no dia 30 de Abril, afectou a circulação ferroviária em todo o País, com destaque para a área do Porto, refere uma nota da federação, apontando uma adesão de 80 por cento dos trabalhadores, que levou à supressão dos comboios de mercadorias e de muitas centenas de comboios de passageiros (nomeadamente no médio e longo curso), bem como ao encerramento das oficinas de manutenção e reparação de material circulante. A FSTFP informou ainda que muitas estações foram encerradas e que «a Refer, para assegurar o comando de circulação, teve de recorrer aos inspectores, que foram substituir trabalhadores em greve».
Os ferroviários exigem que as administrações respeitem o direito de negociação colectiva, não aceitam a imposição de um pseudo-acordo subscrito por estruturas que não os representam e cujo conteúdo liquidaria direitos conquistados por lutas de gerações. Reclamam ainda melhores salários e garantias de estabilidade no emprego.

Também no dia 30, estiveram em greve os trabalhadores dos serviços centrais da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, com uma adesão de 91 por cento, segundo o Sindicato da Função Pública do Sul e Açores, que aponta como motivos da luta o pagamento de retroactivos devidos pela alteração das carreiras da Administração Pública, em Dezembro de 1998, a atribuição de um subsídio de risco e o fim das nomeações de funcionários vindos dos tribunais para funções na DGSP.

Os pescadores do arrasto costeiro continuam a greve iniciada há quase um mês e, depois da «caldeirada» de dia 27 frente à Assembleia da República, realizaram acções de protesto em lotas. Os pescadores exigem um valor digno para o salário-base (actualmente é de 25 contos e, no acordo recentemente firmado com a associação patronal por duas estruturas da UGT, seria aumentado em dois mil escudos!) e um aumento da quota de pescado (que não é alterada há 30 anos, apesar de ter havido redução das tripulações). «Não temos nada a ver com o raio de negócio que foi feito», disse ao «DN» de segunda-feira o coordenador da Federação de Sindicatos da Pesca, Frederico Pereira.

Os trabalhadores da Gás de Portugal decidiram suspender a greve convocada para anteontem, depois de na segunda-feira, em reunião no Ministério da Economia, a administração da GDP e o Governo terem subscrito com a Fequimetal e o SIESI um protocolo em que assumem compromissos quanto à garantia de emprego e salvaguarda dos direitos e vínculos laborais de todos os funcionários da Gás de Lisboa, da Driftal e da Carbolis. A greve, previnem as organizações sindicais, poderá ser retomada a todo o momento, se os compromissos assumidos não forem cumpridos.

No calendário de lutas para os próximos dias inscrevem-se ainda a greve de 24 horas convocada para dia 3 no sector das limpezas industriais, contra o processamento de aumentos salariais de 2,7 por cento à revelia das negociações entre a associação patronal APEL e o STAD/CGTP; as greves nos Transportes Urbanos de Coimbra (motoristas de agente único, de 3 horas, nos dias 3 e 7, e de 18 horas, no dia 11); as greves de dias 10 a 14, na Higiene e Salubridade da CM da Amadora; e a greve de amanhã no Entreposto Lisboa (com um protesto hoje de manhã frente à holding).


«Avante!» Nº 1327 - 6.Maio.1999