PCP no
Conselho da Europa
Opção
pela guerra está condenada ao fracasso
O fim imediato da guerra de agressão e dos bombardeamentos contra a Jugoslávia foi exigido pelo deputado comunista Lino de Carvalho em Estrasburgo, na passada semana, no decorrer da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em que reiterou uma solução política que respeite a soberania e a integridade territorial daquele país e simultaneamente a autonomia do Kosovo, com observância dos direitos das minorias nacionais e do regresso pacífico dos refugiados às suas terras e às suas casas.
Na intervenção que
proferiu na qualidade de deputado do PCP que integra o Grupo
Unitário para a Esquerda Europeia, Lino de Carvalho lançou um
apelo ao Conselho da Europa para que «não se junte às vozes da
guerra», nem se «alie aos sectores mais extremistas e
radicais», sublinhando simultaneamente que é dever deste
órgão «contribuir para uma solução política e pacífica
para a questão do Kosovo».
Questionando o papel das instituições europeias neste momento
histórico, o deputado do PCP lembrou, nomeadamente, que a sua
demissão ou, pior ainda, o seu apoio à guerra, «estão a pôr
em causa a justificação da sua própria existência»,
comprometendo ao mesmo tempo de modo irremediável o seu
prestígios «aos olhos da opinião pública europeia e
mundial».
Entendendo que a estratégia de guerra constitui «uma opção
condenada ao fracasso», uma vez que é evidente que não
resolveu nenhum dos problemas que alegadamente se dizia querer
resolver, antes os agrava, para Lino de Carvalho a «explicação
central» para esta agressão reside na resolução do senado
norte-americano de 30 de Abril de 1998.
Foi nesse momento e local, recorda, que foram definidos os
conceitos estratégicos que pautam hoje a intervenção das
forças militaristas no teatro de guerra: «uma NATO a actuar
como organização ofensiva fora das suas fronteiras»; «uma
NATO a intervir no Sudeste da Europa para evitar o aparecimento
de qualquer potência regional que possa questionar a hegemomnia
de denominação americana»; «uma NATO liderada pelos EUA e a
servir de instrumento para o alargamento da sua influência a
Leste»; «uma NATO a cercar a Rússia».
Não hesitando em reconhecer que existe um «problema de
relacionamento étnico no Kosovo e de respeito pelos direitos das
minorias», Lino de Carvalho fez questão de observar, porém,
não ser esse um caso único, como atestam a expulsão dos
sérvios da Krajina, a perseguição movida aos curdos na Turquia
ou o genocídio de que é vítima o povo de Timor-Leste.
«Por que é que só se actua no Kosovo? Ou, de futuro, vão
resolver-se à bomba todos os problemas humanitários e de
minorias existentes?», inquiriu Lino de Carvalho, para quem
resulta claro que «a política de dois pesos e duas medidas é
cada vez mais intolerável».
Deputados apelam à paz
Uma intervenção
activa do Conselho da Europa no sentido de vir a ser encontrada
«uma solução política que ponha fim à guerra» na
Jugoslávia, tal foi o apelo deixado pela delegação portuguesa
à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em declaração
subscrita pelos seus membros presentes na semana transacta em
Estrasburgo. Nesse sentido, de acordo com o documento por si
subscrito, os deputados manifestam-se favoráveis à
«deslocação de uma missão de informação do Conselho da
Europa à Jugoslávia».
Assinada, entre outros deputados, por Alberto Martins (PS), Lino
de Carvalho (PCP) e Mota Amaral (PSD), a declaração refere
ainda que, «sem prejuízo de opiniões diferenciadas dos seus
membros sobre as razões da guerra e sobre a natureza do regime
jugoslavo», a delegação portuguesa sente a «mais profunda
preocupação pela situação de guerra que se vive na
Jugoslávia», apelando por isso «ao fim da «guerra e a uma
solução política que garanta os direitos humanos».
A delegação portuguesa presente à Assembleia Parlamentar do
Conselho da Europa tomou ainda posição relativamente à
situação em Timor-Leste, numa outra declaração onde expressa
a sua «indignação pelo comportamento da Indonésia», apelando
simultaneamente a «uma acção determinada da ONU que ponha
termo à violência contra os timorenses e assegure a
manifestação da expressão livre da sua vontade quanto ao
futuro do território».
Deixado pelo deputados portugueses foi ainda o seu apelo unânime
ao Conselho da Europa para que «intervenha no plano
internacional com o objectivo de ser encontrada uma solução
política que respeite as decisões da ONU e a vontade do povo
timorense».