Marcha da Rota
Por uma
Península Ibérica neutral
A XIV ª Marcha da Rota, que tem lugar no próximo domingo, dia 9, sob o lema «Por uma Península Ibérica neutral, desnuclearizada e sem bases militares estrangeiras», é uma iniciativa pela paz a merecer particular destaque.
Mais de 10 mil
pessoas, incluindo meio milhar de portugueses, é a adesão
esperada para domingo, em Cádiz, Espanha, pela organização de
uma marcha em defesa da paz na Jugoslávia e contra a presença
da NATO na Península Ibérica.
Em conferência de imprensa conjunta realizada segunda-feira em
Lisboa, na sede do Conselho Português para a Paz e Cooperação
(CPPC), elementos da organização da iniciativa condenaram a
intervenção da NATO nos Balcãs, classificando-a de «golpe de
Estado contra o direito internacional levado a cabo pelos EUA».
Esta será a 14 ª Marcha da Base da Rota (base militar
norte-americana em Cádiz), com a particularidade de contar pela
primeira vez com a adesão de organizações portuguesas, entre
movimentos ecologistas, de defesa da paz e dos direitos humanos.
Carlos Almeida, da direcção do CPPC, informou que «pelo menos
400 pessoas do Porto, Algarve, Alentejo, Setúbal e Lisboa já
estão inscritas» e deverão sair da capital em autocarros, no
sábado, com destino a Cádiz para participar na marcha.
A iniciativa pretende juntar a opinião pública ibérica para se
manifestar contra «a escalada armamentista e militarista
protagonizada pela NATO», uma organizaçäo que, como foi
denunciado, «tem vindo a substituir a sua estratégia defensiva
pela ofensiva».
Pretende-se igualmente criticar os governos de ambos os países
por «se terem submetido totalmente às directivas da NATO, sem
qualquer apoio popular».
Cristóbal Orellana, porta-voz da organizaçäo espanhola,
dirigiu um convite a todos os cidadãos portugueses para que
participarem na marcha, exprimindo «um não à guerra e à OTAN
(NATO), uma ferramenta militar do ocidente que deve ser
dissolvida».
Os organizadores desta iniciativa manifestam-se contra a
existência de bases militares da NATO no mundo - um total de 26
- e em particular em Espanha e Portugal.
De salientar que a Base da Rota é uma importante base militar
estratégica dos EUA em território espanhol, que tem sido
utilizada em variadas agressões militares a outros países, como
foi o caso do Iraque e agora da Jugoslávia.
Outras iniciativas
Cerca de quadro
dezenas de sindicalistas, militantes de partidos de esquerda e
independentes subscreveram um abaixo-assinado, a circular em
Ponta Delgada, em que se responsabiliza as acções militares
«pela morte de civis sérvios e kosovares e pela existência de
milhares de desalojados».
Os promotores desta iniciativa organizaram entretanto uma
vigília junto ao consulado dos Estados Unidos, com cartazes
apelando a «um ponto final» nos bombardeamentos da Aliança
Atlântica à Jugoslávia.
Em Montenor-o-Novo, os eleitos da Assembleia Municipal aprovaram
uma moção em que se exige o fim imediato da guerra e a retirada
da NATO da Jugoslávia, a saída de Portugal da guerra e da NATO
e a extinção desta organização, uma solução política
negociada «assente no respeito dos direitos da população do
Kosovo, no respeito dos direitos das minorias étnicas e da
integridade territorial da Jugoslávia.
Na moção sublinha-se a alteração da estratégia da NATO como
uma «ameaça que acarreta graves perigos para os povos e para a
paz mundial».
O Plenário de Sindicatos da Federação dos Sindicatos de
Hotelaria e Turismo, aprovou igualmente uma moção contra a
guerra, manifestando-se profundamente chocado com o ataque da
Nato à Jugoslávia e «o sofrimento desumano que está a ser
infligido à sua população» e exigindo o fim imediato da
guerra e o retomar de negociações políticas.