EUA
Armas de fogo contestadas


A convenção anual da Associação Nacional de Armas de Fogo (NRA) provocou muitos protestos nos EUA, especialmente por se realizar na mesma cidade onde onze dias antes ocorreu o massacre do Instituto Columbine. Apesar das pressões, a reunião não deixou de se fazer, embora tenham sido canceladas exposições, vendas de armas e festas.

«A NRA quer ficar bem com a opinião pública, mas quando tudo isto passar, voltará a fazer pressão para introduzir as suas leis», acusa um representante do grupo Handgun Control, Brian Morton.
A associação, liderada pelo actor Charlton Heston, defende que o uso de armas só deve estar vetado a criminosos condenados e a doentes mentais. De acordo com a segunda emenda da Constituição, todos os americanos podem possuir arma, direito que a NRA defende desde 1871.
«O Mayor disse que não viríamos. Mas, eu fui voluntário de guerra, fiz um par de recados para este país no Vietname e digo ao Mayor que somos livres para viajar. Não vínhamos? Já cá estamos!», afirmou Charlton Heston perante 2500 sócios da organização.
Mais de três mil pessoas manifestaram-se em Denver, empunhando cartazes com frases como «Os portadores de armas têm uma frustração fálica» ou «Charlton Heston: mau actor, má peruca, más ideias, mau momento».
«A NRA não é benvinda aqui. Devem ir-se embora. É uma organização que explora os medos das pessoas e vem inflamar a situação», afirmou Ted Pascoe, um dos organizadores do protesto.
«Os Estados Unidos não é a mesma sociedade que há cem anos atrás, quando era necessário o uso de armas para nos defendermos», disse Jacqueline Ehwaa, mãe de uma das vítimas do massacre, ao jornal El País. «Estamos aqui porque no Colorado está-se a tentar aprovar uma lei que permite andar pela rua com armas escondidas por baixo do casaco e porque querem levantar todos os limites locais para a compra de armas», declarou outro manifestante.
Num país com uma população de 260 milhões de pessoas, existem 192 milhões de armas de fogo nas mãos de particulares. Outros 40 milhões pertencem às forças de segurança. No Colorado, por exemplo, quase metade dos habitantes possui legalmente uma ou mais armas. Segundo a Handgun Control, no ano de 1996 cerca de 9400 pessoas morreram baleadas nos EUA.


«Avante!» Nº 1327 - 6.Maio.1999