Última
sessão em Estrasburgo
debate estatuto único
A última sessão do Parlamento Europeu, a decorrer desde segunda-feira em Estrasburgo, inscreveu na sua agenda o debate do projecto de estatuto para os eurodeputados, aprovado por unanimidade pelo Conselho de Ministros no passado dia 26 de Abril.
Apesar de, à hora
do fecho da redacção, não serem ainda conhecidos os resultados
da votação, o conteúdo do projecto suscitou desde logo a
oposição dos três deputados do PCP, que na passada
sexta-feira, qualificaram-no como «mais um passo no caminho
federal».
Em conferência de imprensa, em que participaram Joaquim Miranda,
Sérgio Ribeiro e Honório Novo, ficou claro seu o desacordo com
a proposta de nivelamento da remuneração dos deputados, no
valor de cerca de 1.150 contos, ou seja mais cerca de 450 contos
para os deputados portugueses.
Segundo afirmaram, os vencimentos em causa devem ter como
referência os níveis salariais dos respectivos países,
particularmente os de outros eleitos representantes do povo. Por
outro lado, denunciaram «a duplicidade dos governos, em especial
do português, que promovem o salário único para os seus
deputados no PE ao mesmo tempo que alertam para os riscos de uma
aproximação, por cima, dos salários dos trabalhadores do
espaço da União Europeia, a pretexto da defesa da
competitividade».
Os eurodeputados do PCP tornaram público que iriam votar contra
o projecto, responsabilizando o governo português pela adopção
de um texto que além do mais dá passos na federalização das
relações internacionais no âmbito da União Europeia, neste
caso em matéria fiscal, através da criação de um imposto
sobre os rendimentos que passa a reverter para os cofres da
União.
Para o PCP, o projecto foi apresentado como um contributo para a
transparência e moralização da vida política, mas não passa
de uma reacção demagógica à comunicação social e à
pressão da opinião pública. Os deputados comunistas desafiaram
ainda os outros eleitos e candidatos ao Parlamento Europeu a
tomarem posição sobre este assunto.
Timor-Leste
Nesta ultima
sessão, o Parlamento Europeu irá ainda adoptar uma resolução
sobre a situação em Timor-Leste, para a qual o Grupo Confederal
da Esquerda Unitária (GUE/NGL) apresentou um proposta de texto,
em que exige a libertação imediata e incondicional de Xanana
Gusmão e apela à concretização urgente da presença da ONU no
território.
O Grupo condena os massacres e as acções criminosas perpetrados
por grupos paramilitares pró-integracionistas, em conluio com a
polícia e o exército indonésio, cuja passividade e
cumplicidade provocaram a morte de um número indeterminado de
pessoas.
O clima de terror e intimidação é visto com preocupação já
que pode comprometer a democraticidade da consulta popular
prevista para o início de Agosto. Neste sentido, os deputados
subscritores, em que se incluem Joaquim Miranda, Sérgio Ribeiro
e Honório Novo, reclamam que as autoridades indonésias
interrompam imediatamente o apoio militar e logístico aos grupos
paramilitares, que procedam ao seu desarmamento e dissolução e
que reduzam drasticamente a sua presença militar no território
de Timor-Leste, condição mínima para realização de uma
qualquer consulta à população.