Contra a destruição da Segurança Social
Plenário da CGTP-IN
marca «stop» para dia 22


Os dirigentes sindicais continuam a repudiar o pacote laboral, acusam o Governo de favorecer sistematicamente o patronato e reclamam a convergência real com os demais países da União Europeia, de cuja média salarial Portugal continua a afastar-se.

O Plenário Nacional de Sindicatos da CGTP/IN marcou sexta-feira uma «acção nacional de luta», para 22 de Junho, contra o projecto de lei de bases da Segurança Social, apresentado pelo Grupo Parlamentar do PS para substituir a contestada proposta do Governo.
No documento «Stop à destruição da Segurança Social e ao pacote laboral», aprovado pelos representantes sindicais no Teatro Villaret, critica-se esta atitude como «um frenesim incompreensível ou má-fé do Governo e do seu Grupo Parlamentar, pois esperaram que a AR estivesse a um mês do seu encerramento para tentarem fazer passar um diploma desta natureza».
O projecto dos deputados «em nada de fundamental altera a proposta apresentada pelo Governo», já que «o carácter universalista com formulação assistencialista mantém-se inalterado» e «prevalece a vertente não contributiva do sistema, em detrimento da sua vertente contributiva, mantendo princípios redutores de solidariedades interprofissionais e intergeracionais, como sejam a selectividade e a limitação das bases de incidência contributiva (plafond)».
Para a CGTP, o PS apresentou uma proposta que, pretendendo «fazer pontes» entre os diversos textos em debate no Parlamento, afinal «reflecte uma opção clara pelas posições defendidas pelo patronato e pelo sector financeiro».
O Governo e o Grupo Parlamentar do PS, acusa a CGTP, «pretendem evitar a discussão e a tomada de medidas necessárias e urgentes, nomeadamente sobre a descapitalização da Segurança Social, as dívidas do Estado e do patronato à Segurança Social, a política de emprego e o seu financiamento e a participação dos trabalhadores na definição das políticas e gestão».
Na resolução «A Europa que nós queremos», também aprovada no plenário, defende-se que os deputados portugueses ao Parlamento Europeu, cuja eleição se decide a 13 de Junho, devem bater-se pelo «pleno emprego e com direitos». Além disso, devem pugnar por «uma mais justa redistribuição da riqueza criada, bem como por sistemas fiscais justos que aligeirem a carga fiscal que pesa sobre os trabalhadores e trabalhadoras».
A central quer que os futuros eurodeputados se empenhem na construção de «uma União Europeia de paz, democracia participativa, coesão económica e social, justiça e progresso social», nomeadamente em questões como a defesa do sistema público de Segurança Social, o direito à saúde para todos os cidadãos e a evolução do sistema de ensino.


Protestos na rua

Acções públicas em Setúbal, Lisboa e Porto culminaram, a 26 de Maio, dez dias de esforço das estruturas da CGTP para a convergência das diversas lutas laborais, nas regiões e sectores, de forma a dar-lhes maior impacto.

Falando, segundo a Lusa, perante cerca de 800 trabalhadores que se concentraram junto ao Governo Civil de Setúbal, depois de um desfile iniciado na Praça do Quebedo, o coordenador da CGTP acusou o Governo de ser «mais sensível aos argumentos do patronato do que às reivindicações dos trabalhadores». Carvalho da Silva responsabilizou o executivo pelo «escândalo dos acidentes de trabalho», denunciou o agravamento do desemprego no distrito e frisou que os aumentos salariais impostos na Função Pública «já foram comidos pela inflação».
Na concentração foram aprovadas moções de solidariedade com os pescadores do arrasto e contra a guerra na Jugoslávia.
No Porto, cerca de três centenas de trabalhadores concentraram-se na baixa, numa acção promovida pela União de Sindicatos do distrito e onde intervieram sindicalistas de sectores como o vestuário, pescas, função pública, administração local e metalurgia.
Em Lisboa, a «Praça do Protesto» juntou sindicalistas e trabalhadores no Jardim de São Pedro de Alcântara, onde expuseram as lutas desencadeadas em vários sectores e empresas e os motivos que justificam o prosseguimento do combate. Arménio Carlos, coordenador da USL, realçou os resultados já obtidos, muitas vezes em situações que, à partida, eram muito desfavoráveis aos trabalhadores.


«Avante!» Nº 1331 - 2.Junho.1999