Alemanha
Socialistas e social-democratas
acusam a NATO e o neoliberalismo
Membros da direcção do SPD alemão e do PS francês, assim como deputados dos respectivos grupos parlamentares no Bundestag, na Assembleia Nacional e no Senado, condenam num documento conjunto os bombardeamentos da NATO contra a Jugoslávia e os «retrocessos sociais» do «neoliberalismo».
Aqueles social-democratas e socialistas exprimem a necessidade de se sair
«o mais depressa possível do impasse criado pela intervenção da NATO». Depois de
exigirem «o fim dos bombardeamentos», os signatários esclarecem que o seu
prosseguimento «não abre qualquer perspectiva para uma solução pacífica da situação
no Kosovo. Antes pelo contrário constitui um obstáculo à obtenção de um consenso no
Conselho de Segurança da ONU e impede as partes em conflito no interior da Jugoslávia de
encontrarem elas próprias uma solução pacífica».
No documento reconhece-se ainda que se estabeleceu nos respectivos partidos uma tendência
que «defende o credo neoliberal encoberto pelas cores do modernismo» (trata-se de um
claro repúdio da chamada terceira via blairista), e acusa-se os adeptos do
neoliberalismo na Europa de «ao reforçarem as exigências do capitalismo financeiro
internacional» terem imposto a «todos os povos importantes retrocessos sociais apesar
dos nossos países nunca terem sido tão ricos como hoje». Particularmente a União
Europeia tem sido utilizada para «intensificar a desmontagem social e limitar a soberania
dos povos». Aqui reside segundo os signatários uma das razões da actual onda de
«desconfiança» que alimenta o «chauvinismo» e o «nacionalismo étnico», o qual não
se confina aos Balcãs mas incendeia os Estados da UE, como mostra o sucesso dos
«partidos racistas» em muitos países da União Europeia.
Os autores do manifesto constatam a incapacidade dos socialistas e social-democratas que
neste momento governam 13 dos 15 países da EU em desenvolverem uma «estratégia ofensiva
e eficaz» contra a «crise actual», contra o reforço dos partidos de extrema-direita e
contra «a pressão da globalização neoliberal sobre as conquistas democráticas e
sociais».
Grande manifestação em Colónia
contra a guerra e pelo emprego
Mais de trinta mil pessoas participaram no último fim-de-semana numa
grande manifestação organizada pelo movimento das marchas europeias contra o desemprego
em Colónia. A iniciativa que inicialmente se destinava a protestar fundamentalmente
contra a existência de cerca de vinte milhões de desempregados na União Europeia, cuja
cimeira terá lugar naquela cidade no dia 3 de Junho, transformou-se numa impressionante
manifestação contra a guerra e os bombardeamentos da NATO. Em numerosas faixas onde se
podia ler «NATO e Alemanha fora dos Balcãs», «Acabem com os bombardeamentos» ou ainda
«Paz e Socialismo» era patente a oposição à agressão militar.
Entre os numerosos blocos de manifestantes de várias nacionalidades e organizações
destacava-se uma forte presença do partido comunista alemão, DKP. Não só da Europa mas
também da Índia e do Brasil vieram grupos de manifestantes para lembrar as
responsabilidades da União Europeia na crise que alastra no terceiro mundo. Vários
oradores, como Pietro Maestri da aliança italiana contra a guerra, sublinharam que «não
haverá jamais justiça social enquanto a guerra for utilizada como um instrumento da
política». Maestri focou ainda a necessidade de a Europa se «despedir definitivamente
da NATO e de Maastricht».
Segundo o diário «Junge Welt», uma representante da marcha europeia fez notar que
«nós os desempregados, trabalhadores e emigrantes europeus é que temos de pagar as
bombas com que hoje se bombardeia a Jugoslávia e com que amanhã serão reduzidas a
cinzas a Bielorrússia, a Ucrânia e a Rússia».
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