Duas semanas de luta
na Administração Local


Sob a palavra de ordem «Fartos de promessas, exigimos mudanças», os sindicatos dos trabalhadores das autarquias locais iniciaram segunda-feira, na residência oficial do primeiro-ministro, uma série de acções descentralizadas. A quinzena de luta termina dia 25.

Com esta iniciativa, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa pretendem sublinhar junto de António Guterres, do Governo e da opinião pública «a necessidade de uma inversão de política, no sentido de serem tomadas medidas concretas para a melhoria das condições de vida» dos funcionários autárquicos. Entre as reivindicações dos trabalhadores, a nota conjunta, divulgada sexta-feira pelo STAL e o STML, refere a exigência de um aumento salarial intercalar, a regulamentação do suplemento de insalubridade, penosidade e risco, e a adopção de medidas correctivas para os problemas criados com a revisão do regime de carreiras.
Depois dos bombeiros profissionais, segunda-feira, foi anteontem entregue no Palácio de S. Bento um abaixo-assinado dos quadros técnicos; na próxima semana (dias 23 e 24) o primeiro-ministro há-de receber abaixo-assinados dos trabalhadores de transportes urbanos colectivos e da área de informática.
Outras acções têm lugar hoje, em Lisboa (sector operário), amanhã, no Porto (envolvendo também pessoal das regiões de Braga, Bragança, Viana do Castelo e Vila Real), segunda-feira, em Coimbra (também com Aveiro, Guarda, Leiria e Viseu), terça-feira, em Évora (também com Beja e Portalegre) e no dia 25, sexta-feira, em Lisboa (com trabalhadores da CML e de outras autarquias das regiões de Lisboa, Setúbal e Santarém).

Covilhã

Contra a tentativa da Câmara Municipal da Covilhã de entregar a privados os serviços de recolha de lixos e limpeza urbana, entraram em greve segunda-feira os trabalhadores da Higiene e Limpeza daquele município. Segundo a direcção regional de Castelo Branco do STAL, no primeiro dia de greve apenas dois trabalhadores não aderiram à luta, que paralisou a limpeza do concelho e está convocada até sábado, dia 19.
Na conferência de imprensa de dia 14, o STAL acusou ainda o vereador responsável pelo pelouro, Joaquim Matias, de ter tentado agredir um dirigente sindical, quando o autarca se deslocou aos estaleiros municipais e viu frustrada a sua tentativa de intimidação dos trabalhadores.
Para o sindicato, está em causa a segurança de emprego e os direitos dos trabalhadores, mas também se encontra ameaçada a qualidade e quantidade do serviço prestado à população, caso se concretize a intenção privatizadora, conhecida desde meados do ano passado, a propósito da nova central de tratamento de lixos. Ao apontar para a privatização, «o que a CM da Covilhã se prepara para fazer é abdicar das suas responsabilidades e da sua capacidade negocial, que pode e deve exercer». «Invariavelmente, as experiências de privatização (destes e outros serviços) noutras autarquias têm demonstrado que as populações nada têm a ganhar, a autarquia acaba por gastar mais dinheiro e os trabalhadores são seriamente afectados», recorda o sindicato, que reafirma a sua disposição para evitar o agravamento da luta, uma vez que, «se esta greve causará enormes transtornos na população, cuja inteira responsabilidade deve ser imputada à autarquia, também os prejuízos financeiros para os trabalhadores serão grandes, tendo em conta os já magros salários que auferem».


«Avante!» Nº 1333 - 17.Junho.1999