Para ajudar a
resolver problemas que afectam sistema judiciário
PCP
propõe criação do Observatório da Justiça
Assegurar a recolha e a sistematização de dados objectivos sobre a situação e o funcionamento do sistema judiciário, promovendo simultaneamente a reflexão sobre as medidas adequadas à resolução dos problemas da administração da Justiça, tais são, em síntese, as atribuições do Observatório da Justiça, previsto em projecto de lei do PCP.
Recentemente
entregue na Mesa do Parlamento, este diploma do Grupo comunista
insere-se num conjunto de medidas urgentes por si reclamadas com
vista à resolução dos problemas da Justiça, medidas essas já
elencadas na interpelação ao Governo que sobre o tema teve
lugar há relativamente pouco tempo na Assembleia da República.
Com uma composição alargada às mais variadas entidades, que de
alguma maneira têm uma palavra a dizer no funcionamento da
Justiça, o Observatório estará em condições de assegurar,
com base em elementos objectivos, como é salientado na nota
preambular do diploma, «não apenas a reflexão que é
necessário encetar com vista à resolução dos problemas
fundamentais que afectam a administração da Justiça, mas
também a apresentação das propostas e recomendações que se
mostrem necessárias para atingir essa finalidade».
Na base desta iniciativa legislativa, recorde-se, está a
preocupação crescentemente sentida pela generalidade dos
cidadãos quanto à forma como tem evoluído a situação da
Justiça no nosso País. Quem não ouviu falar ou sentiu já
directamente alguns dos problemas de fundo que afectam este
importante pilar do sistema político ? Como observam os
deputados do PCP, aos olhos dos cidadãos, o sistema judiciário
é caro, moroso e sinónimo de menor qualidade para as pessoas de
menores recursos. Daí que, consequentemente, o sistema vigente
«favoreça objectivamente as classes dominantes, os poderosos, o
que afecta a sua credibilidade».
Recordado pelo Grupo comunista é ainda o facto de a Justiça em
Portugal continuar a ser caracterizada pela desigualdade dos
cidadãos no acesso à informação judiciária, ao direito e aos
tribunais e na concretização efectiva de direitos e
utilização das garantias processuais.
Marcante, noutro plano, é igualmente o «crescente volume de
processos e a morosidade das investigações e das decisões dos
tribunais», a par das disfunções de «um sistema prisional que
reproduz o crime e as injustiças, em vez de assegurar ou
contribuir para ume efectiva reinserção social».
No preâmbulo do seu projecto de lei, os deputados do PCP lembram
ainda que com a conquista da democracia em 25 de Abril de 1974
aumentou muito o recurso dos cidadãos aos tribunais, tal como
aumentou muito o elenco dos direitos que é possível valer por
meios judiciais. Isto enquanto, sublinham, se mantiveram ou
agravaram os fenómenos de exclusão social e pobreza e outras
fontes de conflitualidade social, cresceu a sofisticação do
crime e também a mediatização da Justiça. «Tudo factores de
conflitualidade jurisdicional acrescida», salientam, sem que
tenha havido a «atenção devida à Justiça, nem as medidas
correspondentes a este aumento do recurso aos meios judiciais».