Audição urgente sobre o Alqueva
Continuam a verificar-se atrasos e indefinições no
projecto de Alqueva, situação que está a provocar legítimas
preocupações em vários sectores sociais e económicos. Já há
mesmo quem se interrogue se um tal quadro não poderá vir a
comprometer a realização do empreendimento como projecto global
indutor do desenvolvimento do Alentejo.
Muito preocupado com
estes desenvolvimentos está também o Grupo Parlamentar do PCP
que, inclusive, requereu já com carácter de urgência a
realização de uma audição sobre o Alqueva destinada a apurar
as circunstâncias que explicam o actual estado de coisas.
Na carta em que solicita a audição, dirigida ao presidente da
Comissão de Agricultura. o deputado comunista Lino de Carvalho
faz notar a necessidade de ser ouvida não apenas a empresa
responsável pela concretização do empreendimento (EDIA, AS),
como também os membros do Governo mais directamente
responsáveis pelo projecto, ou seja, os ministro da Agricultura
e do Equipamento.
Na base desta iniciativa do Grupo comunista está ainda,
registe-se, o relatório do Tribunal de Contas referente à
auditoria de gestão à empresa que lidera o Alqueva, no qual
são tecidas severas críticas e levantadas preocupações quanto
à referida situação de atraso e indefinição em que se
encontra o projecto.
Tais atrasos, como assinala no texto Lino de Carvalho
reportando-se a algumas das críticas sublinhadas no relatório
do Tribunal de Contas, ocorrem no plano da execução financeira
e física do empreendimento, particularmente imputáveis à
componente agrícola, como «uma realização global média da
ordem dos 39 por cento» em relação ao programado, em contraste
com o facto de ter sido excedido o orçamentado em «publicidade
e comunicação social».
Notas acentuadamente críticas são ainda feitas, por outro lado,
às interferências do Governo na criação de instrumentos
paralelos de gestão que «podem fragilizar o desenvolvimento
integrado» do empreendimento, avultando, simultaneamente, as
referências aos atrasos consideráveis na aquisição dos
prédios que vão ser inundados pela albufeira.
Se a todos estes aspectos forem somados «outros atrasos e
indefinições na concretização global do projecto, não
abrangidos pela auditoria do Tribunal de Contas», então, há
acrescidas «razões para que a Assembleia da República procure
conhcecer o que se está a passar», conclui Lino de Carvalho,
assim justificando o seu pedido de audição urgente sobre
Alqueva.