Parlamento Europeu
Queda socialista não arrasta esquerda


A subida eleitoral dos partidos que integram a família democrata-cristã europeia, a sintomática quebra dos socialistas, a subida substancial dos Verdes/Ecologistas e a grande descida das forças da extrema-direita, são alguns dos factos que ressaltam da quinta eleição directa do Parlamento Europeu desde 1979.

Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu, concluídas no passado fim-de-semana, alteraram as posições relativas das duas famílias políticas maioritárias. Os democratas cristãos (PPE) obtiveram mais votos que os socialistas (PSE), mantendo-se embora o equilíbrio entre a direita e a esquerda na assembleia parlamentar da União Europeia.
O grupo do PPE, de que fazem parte os eurodeputados portugueses eleitos pelo PSD, passa a ser a principal força política da assembleia de Estrasburgo, tendo assegurados cerca de 230 lugares no hemiciclo (num total de 626) contra 201 na anterior legislatura.
Os socialistas europeus sofreram uma quebra de 214 para 180 parlamentares, passando à condição do segundo maior grupo da euro-assembleia, embora a grande distância da terceira força, os liberais europeus, que aumentaram de 42 para 44 o número de representantes em Estrasburgo.
Uma alteração de posições particularmente significativa numa UE governada, em 13 dos 15 países, por governos socialistas. Por acréscimo, a forte queda do PSE deve-se sobretudo à descida dos partidos socialistas alemão (SP) e britânico (trabalhista), principais defensores de uma política de liberalização de mercados de bens, capitais e trabalho.
Não menos significativas são as razões da não alteração do equilíbrio global existente no PE. Tal se deve, por um lado, à manutenção do peso, com mais um lugar, do Grupo Confederal da Esquerda Unitária (GUE/NGL) em que se integram os leitos na CDU portuguesa, por outro, ao relevante aumento dos representantes dos Verdes, que passam de 27 para 36 eurodeputados.
Simultaneamente, dois grupos da ala direita do hemiciclo de Estrasburgo, a UPE, dos eleitos do CDS/PP, e o NI, que reúne eleitos da extrema-direita, perderam mais de metade dos eurodeputados, ficando reduzidos a, respectivamente, 16 (contra 34) e 18 (contra 38) representantes no PE.
Outro dado importante nestas eleições é o muito elevado índice de abstenção em muitos dos 15 países da União Europeia - 57 por cento no geral. O Reino Unido bateu o recorde com 76 por cento.
Em simultâneo com as eleições para o Parlamento Europeu, única instituição internacional eleita por sufrágio universal, alguns países realizaram outro tipo de sufrágios: a Espanha, municipais e regionais, e a Bélgica, legislativas e regionais. Os suíços votaram em cinco referendos federais sobre seguros de maternidade e invalidez, política governamental sobre drogas, revisão da lei de asilo e medidas de urgência nesta área.
Perpassando os processos eleitorais desenvolvidos nos vários países europeus, estiveram questões como o desemprego e trabalho precário, a guerra na Jugoslávia.
Na Bélgica, a descoberta de que numerosos produtos alimentares estão contaminados com dioxinas cancerígenas condicionou todo o quadro político-eleitoral. Um escândalo internacional que constituiu um novo golpe na credibilidade das forças políticas no poder, já anteriormente muito abalada com os casos de pedofilia que há três anos chocaram o mundo.

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PCP saúda PDS

Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, enviou a Lothar Bisky, presidente do PDS alemão, a seguinte mensagem:

«Em nome dos comunistas portugueses, quero exprimir-lhe a satisfação que sentimos pelo sucesso eleitoral alcançado pelo PDS. Felicitando calorosamente todos os militantes do vosso Partido por esta grande vitória política que leva ao P.E. deputados do PDS, confirmo-lhe a vontade do PCP em fortalecer a cooperação entre os nossos dois Partidos, seja no quadro do Grupo Unitário de Esquerda / EVN e outras formas de cooperação multilateral das forças de esquerda, seja no plano bilateral.»


«Avante!» Nº 1333 - 17.Junho.1999