África do Sul
Novo
presidente investido
em ambiente de festa
Foi em festa que os sul-africanos assinalaram, ontem, a investidura do novo presidente, Thabo Mbeki, confirmado, segunda-feira, pelo Parlamento, na sequência da esmagadora vitória eleitoral do ANC nas eleições de dia 2 de Junho.
A confirmação de
Mbeki como presidente foi a primeira tarefa do novo Parlamento,
no próprio dia em que tomou posse. Quarta-feira o novo
presidente prestou juramento, seguindo-se o anúncio, hoje, da
formação do seu gabinete.
O Congresso Nacional Africano ganhou 266 lugares nas eleições
gerias, as segundas abertas a toda a população desde o fim do
regime de apartheid na África do Sul. Umas eleições em que o
ANC não só venceu, como venceu por maioria mais lata que a que
tinha e, de uma forma inequívoca, na esmagadora maioria do
território sul-africano.
Mbeki, que completa 57 anos amanhã, tem governado o país nos
últimos anos ao lado de Mandela, como seu vice-presidente. Foi
exilado, representou o ANC em inúmeros países, esteve presente
na maioria das grandes reuniões (antes e depois da legalização
do ANC), em que se discutiu o futuro do país e as vias para a
transição. Como coordenador do ANC, destacou-se como negociador
com o antigo governo do regime de apartheid.
A cerimónia de posse do novo presidente foi também o momento de
despedida de Nelson Mandela. Realizada nos edifícios da União,
sede do governo, reuniu, num grande pódio montado no topo da
escadaria principal, governantes de todo o mundo, nomeadamente o
presidente português, Jorge Sampaio.
Na grande praça situada frente ao complexo de edifícios, teve
lugar o concerto do povo, de homenagem a Mandela e ao novo
presidente. No local foram instalados um ecrã gigante e um palco
onde actuaram dezenas de artistas. Foi também nesse relvado, bem
perto do povo anónimo que uma vez mais manifestou, pelo voto, a
sua confiança no ANC, que Nelson Mandela e Mbeki se dirigiram
aos seus eleitores, ou seja, à esmagadora maioria da
população. Uma grande festa em que também houve referência
aos problemas bem concretos com que o país se debate, da
criminalidade à ausência de investimento estrangeiro e, em
particular, o desemprego, uma miséria e um imenso fosso social
que vêm detrás e que urge colmatar.