Carlos Carvalhas sobre europeias
Resultado perspectiva reforço eleitoral


Na noite de domingo, em declaração sobre os resultados obtidos nas eleições europeias (que a seguir se transcreve), o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, atribuiu a perda de um deputado pela CDU - hoje a terceira força mais votada - a «uma mera diferença de algumas décimas na percentagem necessária». A votação obtida «fortalece», contudo, a esperança de um bom resultado nas legislativas de Outubro.

1. O resultado previsivelmente alcançado pela CDU-Coligação Democrática Unitária, nestas eleições para o Parlamento Europeu, com a provável subida do número absoluto de votos comparativamente com as eleições anteriores e com a sua passagem a terceira força mais votada, confirma a CDU como uma força que conta, com significativa expressão e influência na sociedade portuguesa e no actual quadro político.
A verificar-se a perda de um deputado, esse facto ficará a dever-se, não a uma relevante perda de influência eleitoral, mas a uma mera diferença de algumas décimas na percentagem necessária para a eleição do terceiro deputado da CDU.

2. Quanto ao resultado alcançado pelo PS, que não pode ser desligado da candidatura de Mário Soares, importa sublinhar, sem prejuízo do reconhecimento da sua subida comparativamente com as eleições para o Parlamento Europeu de há 5 anos, que tem uma expressão semelhante ao obtido nas últimas eleições legislativas, apesar de ter feito uma campanha totalmente apostada em obter uma votação maciça em torno da figura de Mário Soares, com argumentos que mistificavam a real natureza e finalidade das eleições.

3. Quanto aos resultados conseguidos pelo PSD e pelo CDS/PP, demonstram que não é justificável, agora como nas próximas eleições legislativas, qualquer dramatização bipolarizadora entre PS e PSD, uma vez que é patente que a direita, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista eleitoral, não constitui qualquer alternativa.

4. A votação conseguida pela CDU e a ampla e expressiva campanha eleitoral que realizámos em todo o País, mantêm aberta e fortalecem a perspectiva de um reforço eleitoral, em votos e em deputados, da CDU nas próximas eleições legislativas, como grande esperança e factor decisivo para uma viragem à esquerda na política nacional.

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Ilda Figueiredo promete
CDU honra compromissos

Em declaração aos órgãos de comunicação social, Ilda Figueiredo, cabeça de lista da CDU às europeias, considerou, por sua vez, que os resultados eleitorais confirmam a Coligação como «uma grande força nacional imprescindível para uma política de esquerda em Portugal e na Europa», representando não uma perda de influência mas a arrumação política dependente do método proporcional de contagem de votos.

Ilda Figueiredo, depois de resumir as perdas e ganhos da CDU, realçou o aumento do número de votantes em relação às eleições de 1994, lamentando a perda de um deputado pela CDU como «uma perda para os interesses de Portugal». Entretanto, garantiu, os dois deputados eleitos pela coligação para o Parlamento Europeu vão «empenhar todos os esforços para defender os interesses nacionais e uma Europa de paz».
Por fim, a eurodeputada comunista prometeu «honrar os compromissos» assumidos durante o período eleitoral e valorizou a campanha de esclarecimento realizada pela CDU como contribuição valiosa para a viragem que se impõe na política nacional.


«Avante!» Nº 1333 - 17.Junho.1999