Contra
atrasos e promessas falsas do Governo
Verão
de protestos
na Administração Pública
Trabalhadores da Saúde, das prisões e da Agricultura juntam agora as suas acções às greves e iniciativas públicas realizadas na administração local, na Educação, nos impostos e na informática do Estado.
Os trabalhadores dos
Serviços Gerais do Ministério da Saúde cumprem amanhã
um dia de greve «devido à intransigência do Governo e do
Ministério da Saúde». Num comunicado que divulgou
segunda-feira, a Federação Nacional dos Sindicatos da Função
Pública afirma que a greve justifica-se pela desacordo à volta
de duas questões que constam numa proposta que «resolve o
essencial das questões do regime»: nas tabelas salariais, todas
as carreiras devem terminar no mesmo índice (245), e o
faseamento não pode iniciar-se em Setembro próximo, quando em
todas as outras carreiras o faseamento se iniciou em Janeiro
deste ano.
Também amanhã, vão estar em greve os trabalhadores da Direcção-Geral
dos Serviços Prisionais. A FNSFP, igualmente citada pela
Lusa, esclarece que a greve «é motivada por o Governo insistir
em criar uma carreira de administrador prisional, sem que
apresente primeiro uma proposta de revisão do subsídio de risco
e de reestruturação das carreiras específicas e atípicas da
Direcção-Geral».
A federação acusa o Governo de «querer fugir à necessidade de
realizar concursos para a nomeação dos directores das prisões
e arranjar tachos para uns quantos amigos e
incompetentes». Os sindicatos criticam ainda o Governo por não
apresentar a proposta de revisão do subsídio de risco e por
não apresentar as propostas para a reestruturação das
carreiras específicas e atípicas, mantendo os trabalhadores em
situações remuneratórias «muito inferiores» às que deveriam
ter.
Para hoje, a FNSFP convocou uma conferência de imprensa onde
iria anunciar os motivos e os contornos da semana nacional de
luta dos trabalhadores do Ministério da Agricultura, a
realizar a partir da próxima segunda-feira.
Aviso
Para o Sindicato
Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, a forte
adesão á greve da semana passada no sector de informática
(convocada pelo STAL, o STML e a FNSFP, que teve por principal
motivo a revisão de carreiras) representou «um sério aviso ao
Governo, no sentido da exigência de uma política negocial
séria e de respeito para com os interesses dos trabalhadores».
Na nota de imprensa em que aponta alguns dados mais expressivos
da paralisação em vários distritos, nos dias 29 e 30 de Junho,
o sindicato lembra que «esta é uma carreira que faz parte das
carreiras do regime especial da Administração Pública, as
quais, em conjunto com as carreiras dos corpos especiais,
nomeadamente os bombeiros, ainda não foram objecto de qualquer
revisão, embora tal medida esteja inscrita nos objectivos do
acordo que, em 1996, foi assinado entre o Governo e os
sindicatos».
A greve de dia 30, dos trabalhadores não docentes das
escolas públicas, teve uma adesão que se situou, em termos
nacionais, entre os 70 e 80 por cento, anunciou a FNSFP, que
acusou o Ministério da Educação de «violar, declaradamente, a
Lei da Greve», mandando substituir pessoal não docente por
professores, para garantir a abertura das escolas secundárias
onde, naquela quarta-feira, se realizavam exames do 12.º ano. A
federação referia, «pelo menos», casos em Valongo, Porto,
São João da Madeira e Lisboa. A Fenprof censurou a atitude do
ME e «de professores que tenham ofendido o direito de outros
trabalhadores das escolas, nomeadamente o seu exercício do
direito de greve».
Para o mau-estar no sector contribuiu também o facto de o
Governo, ao convocar para a passada quinta-feira uma reunião com
os representantes da Frente Comum de Sindicatos da
Administração Pública, não ter incluído na ordem de
trabalhos «nenhuma das matérias» que, já a 18 de Junho, a
Frente Comum tinha declarado prioritárias. Em vez de agendar a
revisão intercalar dos salários, a aplicação do suplemento de
insalubridade, penosidade e risco, o combate ao trabalho
precário ou as carreiras, o Governo propôs «discutir de
afogadilho e em vésperas de férias um conjunto de dez diplomas
que, ou têm carácter gravoso para os trabalhadores, ou têm por
objecto matérias não prioritárias», protestou a Frente Comum.