Grupo parlamentar presta contas
Os Deputados do PCP foram, na Assembleia da República, a oposição de esquerda ao Governo do PS e à sua política. Simultaneamente «fizeram aprovar Leis, apontaram políticas alternativas, propuseram soluções para problemas reais, defenderam os direitos de quem trabalha e produz, deram voz à defesa do interesse nacional e a importantes sectores marginalizados ou excluídos da sociedade, combateram a desigualdade social.»
Um intenso trabalho, desenvolvido nesta 7ª legislatura, de que aqui transcrevemos elementos fundamentais que constam do balanço agora apresentado.
Leis que o PCP propôs e fez
aprovar
Foram ainda aprovados as seguintes Resoluções apresentadas pelo PCP:
Releve-se, igualmente, as propostas do PCP relativas ao IRS, no Orçamento de Estado para 1999, que conduziram a que cerca de 700 mil famílias fiquem isentas do imposto e que cerca de 2 milhões de famílias passem a ser tributadas a uma taxa inferior à que suportavam. Na perspectiva da justiça fiscal, foi a mais importante alteração introduzida no sistema, durante as quatro anos da Legislatura.
A convergência de opções políticas e parlamentares do PS com o PSD e o CDS-PP impediu a aprovação de leis progressistas favoráveis aos portugueses, apresentadas pelo PCP. São exemplos disso:
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O
Debate político na Assembleia da República
O PCP recusou
deixar-se aprisionar pelo debate marcado pelo espalhafato verbal,
pela superficialidade e pelo artificialismo que outros partidos
privilegiaram.
Os Deputados comunistas participaram no debate
politico-parlamentar fazendo incidir a sua intervenção sobre os
problemas e as preocupações dos cidadãos, sobre as iniciativas
e lutas sociais.
No Período de Antes da Ordem do Dia, o Grupo Parlamentar do PCP
promoveu 6 debates de urgência, produziu 46 Declarações
Políticas e proferiu 46 intervenções, sendo 10 de âmbito
local e regional e 36 de conteúdo sectorial.
Em matéria de Debates de Urgência, figura que o PCP usou
com ponderação e eficácia, deu-se voz a problemas muito
diversos, tais como: as pescas portuguesas; aumento dos preços
dos serviços públicos, em particular da energia eléctrica;
propostas comunitárias para o azeite; utilização da Base das
Lajes pelos EUA; segurança nas estradas portuguesas;
encerramento de empresas transnacionais.
Foi por iniciativa do PCP que se debateram na Assembleia da
República as consequências para Portugal da negociação da
Agenda 2000 (próximo Quadro Comunitário de Apoio) e que o
Governo foi obrigado a explicar o novo Conceito Estratégico da
NATO e a participação de Portugal na agressão militar à
Jugoslávia.
Alguns dos grandes temas que marcaram a VII Legislatura
trazem o cunho do papel pioneiro e interventor do PCP: a
redução do horário semanal de trabalho; o rendimento mínimo
garantido; o aumento das reformas e pensões; a necessária
reforma da Justiça; a melhoria do sistema de saúde; avanços na
legislação sobre a interrupção voluntária da gravidez; a
justiça fiscal; etc.
No capítulo da fiscalização da acção governativa, o PCP
promoveu, em função das limitações regimentais, 6 Interpelações
ao Governo, nomeadamente sobre as seguintes matérias:
- A crise social, as perspectivas do seu agravamento, as suas causas e as políticas necessárias para a combater
- Natureza e consequências económicas e sociais da moeda única
- Orientações gerais e política global do Governo
- Questões da segurança social e da sua reforma
- Defesa do Serviço Nacional de Saúde e a política do Governo para o sector
- Questões relacionadas com a justiça
Outras
iniciativas do PCP
Há ainda um conjunto de outras iniciativas parlamentares que importa realçar. O PCP demonstrou que estava atento, actuante e próximo das pessoas.
Apenas 5,7%
dos 230 Deputados que compõem a Assembleia da
República, apresentaram 27,5% de todos os requerimentos
ao Governo: são os 13 deputados do PCP.
Interrogaram directamente o Governo, por escrito, 1122
vezes, sobre uma significativa amplitude de temas,
sectores e problemas de ordem nacional, regional e local.
Comparativamente refira-se que os 112 deputados do PS
apresentaram apenas 701 requerimentos e os 15 do PP só
34 requerimentos.
O PCP promoveu metade das Audições Parlamentares realizadas pela Assembleia da República. Foram ouvidas inúmeras entidades e organizações sobre os atrasos do programa de acessibilidades ao distrito do Porto; sobre as consequências dos acordos comerciais da Comunidade Europeia com países terceiros; sobre a doença das vacas loucas; sobre o sistema de autoridade marítima; sobre o sistema de vigilância de comunicações. O PCP solicitou ainda por inúmeras vezes a presença de membros do Governo na Assembleia da República para prestarem esclarecimentos sobre actos controversos por si praticados.
Realizaram-se 20 colóquios, encontros ou debates por iniciativa do PCP, mobilizando centenas de pessoas que quiseram contribuir com a sua opinião para a resolução de problemas em áreas tão diversas como: autonomia do ensino superior e seu aperfeiçoamento; atribuições e competências das autarquias; regime de permanência dos eleitos em Freguesias; ordenamento do território; bairros clandestinos; regularização extraordinária da situação de residência de imigrantes; associações de imigrantes; interrupção voluntária da gravidez; o sector público e as privatizações; situação laboral no sector financeiro; encerramento e deslocalização de empresas multinacionais; acordo hidrográfico com Espanha; gestão dos recursos pesqueiros e situação das pescas; a sociedade de informação; conceito estratégico da NATO.
Os deputados do PCP efectuaram mais de duas centenas de visitas por sua iniciativa, corresponderam a convites e solicitações, receberam organizações e entidades em 694 audiências, deram seguimento à generalidade das questões suscitadas em mais de 10 mil cartas recebidas no Grupo Parlamentar.
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PS
e Governo
Iniciativas mais negativas
Demasiadas vezes o PS e o Governo assumiram posições em sintonia com o PSD e/ou com o CDS-PP, para aprovarem leis (ou outras medidas) negativas para o País e para os portugueses, com a clara oposição do PCP.
Por exemplo:
- Revisão Constitucional
- Interrupção Voluntária da Gravidez
- Regionalização
- Inviabilização do referendo sobre a Moeda Única
- Aprovação do Tratado de Amsterdão
- Eliminação de limites à participação estrangeira nas privatizações
- Atribuição do direito de participação das associações patronais na elaboração da legislação de trabalho
- Regulamentação do trabalho a tempo parcial
- Diminuição da compensação salarial a suportar pelo patronato em casos de redução e suspensão dos contratos de trabalho (Lay-Off)
- Regime de instalação de novos municípios
- Regime jurídico-legal em matéria de asilo e de refugiados
- Lei Quadro das leis de programação militar e lei de programação militar
- Leis do Orçamento de Estado
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Octavio Teixeira:
Marcámos a diferença
«Com mais Deputados na próxima Assembleia da República, o PCP poderá contribuir mais e melhor para dar resposta aos problemas e aspirações da maioria dos portugueses, para mais decisivamente influir na concretização de medidas e de políticas de esquerda em Portugal». Esta a conclusão da intervenção de Octávio Teixeira, num balanço da actividade dos comunistas na AR de que ressalta uma ideia-chave - marcámos a diferença.
«Marcámos a diferença fazendo
incidir a nossa intervenção sobre os problemas e as
preocupações da grande maioria dos portugueses. Ainda que isso
nos pudesse fazer perder tempo de antena nos órgãos de
comunicação social ...». Uma diferença que Octávio Teixeira
esmiuçou depois num balanço síntese que aqui, no fundamental,
se reproduz. Ponto por ponto.
Os Deputados do PCP foram na Assembleia da República, com
frontalidade, a oposição de esquerda ao Governo do PS e à sua
política.
Combatemos os aspectos mais salientes da política neoliberal
do Governo, fiscalizámos a actividade governativa, denunciámos
as múltiplas convergências e entendimentos do PS e do seu
Governo com o PSD e com o CDS-PP.
Mas, para além disso, o Grupo Parlamentar do PCP fez aprovar
Leis e Resoluções, apontou políticas alternativas, propôs
soluções para problemas reais, defendeu os direitos de quem
trabalha e produz, deu voz à defesa dos interesses nacionais e a
importantes sectores da sociedade, combateu a desigualdade
social.
Em termos quantitativos, e com apenas 13 deputados (5,6% do
total), os comunistas foram responsáveis por cerca de 27 % do
total das iniciativas parlamentares e por 32 % dos projectos de
lei apresentados.
Para além disso, os projectos de lei originários do PCP
representam cerca de 29 % dos projectos dos Grupos Parlamentares
aprovados na legislatura, o número mais elevado entre todos os
Partidos.
Não, certamente, pelos nossos lindos olhos.
Mas por duas razões fundamentais: pelo incontornável valor
político e social intrínseco às nossas propostas, e pelo
facto, extremamente positivo para os portugueses, de nesta
legislatura não existir uma maioria absoluta de suporte ao
Governo, capaz de funcionar como rolo compressor de todas as
iniciativas das oposições, em particular das iniciativas do
PCP.
Alguns
exemplos
das iniciativas aprovadas
Assim, no âmbito da
área laboral, a lei que "garante o direito à
igualdade de tratamento no trabalho e no emprego", a que
instituiu o "regime jurídico do trabalho a bordo das
embarcações de pesca", a que reforça os "direitos
dos trabalhadores-estudantes" e a que "proíbe a
discriminação dos jovens na fixação do salário mínimo"
ou, ainda, a que "aumentou as coimas por violação da
legislação do trabalho".
No que concerne à toxicodependência, as que criaram
"uma rede de serviços públicos para o tratamento e a
reinserção dos toxicodependentes", e a que "assegura
o financiamento público de projectos de investimento
respeitantes a equipamentos destinados à prevenção secundária
da toxicodependência".
No plano do que poderíamos designar dos direitos à liberdade
e à igualdade, lembro a lei que institui o "direito a
uma licença especial nos casos de gravidez de risco", a que
garante "os alimentos devidos a menores", a do
agravamento das "penas para os crimes sexuais, nomeadamente
de que são vítimas os menores", a que garante o
"reforço do direito à saúde reprodutiva", impondo,
em particular, a implementação nas nossas escolas de um
programa pluridisciplinar de educação sexual e a criação de
consultas de planeamento familiar nos locais de trabalho em que
existem serviços de saúde.
Mas também a lei que estabelece um "programa
especial de acesso aos cuidados de saúde", a que
"previne a prática de discriminação no exercício dos
direitos por motivos baseados na raça, cor, nacionalidade ou
origem étnica", a que cria os "conselhos municipais de
segurança dos cidadãos", ou ainda a "lei de bases do
desenvolvimento florestal" e as relativas ao "reforço
das competências e meios das freguesias", à
"criação de empresas públicas municipais" e ao
"regime jurídico das associações de municípios".
Tal como é indispensável realçar as propostas do PCP
relativas ao IRS, e aprovadas no OE para 1999, que
conduziram, como é possível comprovar com as novas tabelas de
retenção na fonte, à isenção de imposto para cerca de 700
mil famílias e a que cerca de 2 milhões de famílias passassem
a ser tributadas a taxas inferiores às que suportavam. Não
tenho dúvidas em afirmar que estas alterações ao IRS foram, na
perspectiva da justiça fiscal, a grande medida tomada durante
esta Legislatura!
Mas houve, infelizmente para os portugueses, propostas do PCP
que foram recusadas por responsabilidade primeira do PS, em
convergência com o PSD e/ou CDS-PP.
Neste âmbito, entre muitas outras, realço as relativas à
interrupção voluntária da gravidez, a que repunha a idade de
reforma das mulheres nos 62 anos, a que reforçava a proibição
da vigilância dos trabalhadores nos locais de trabalho por meios
mecânicos e electrónicos, a que determinava uma aumento
extraordinário de todas as pensões de reforma e de
aposentação mais degradadas, as relativas ao ensino superior,
etc.
Aliás, contando-se por muitos os aspectos negativos da acção
parlamentar do PS e do Governo, um deles marcará indelevelmente
esta Legislatura: o deplorável, escandaloso e grave episódio
das cambalhotas políticas, da falta de palavra e de coerência
do Grupo Parlamentar do PS e do Primeiro-Ministro em torno da lei
da interrupção voluntária da gravidez que chegou a ser
aprovada pelo Parlamento.
Mas a despenalização da IVG é um problema incontornável da
sociedade portuguesa. Por isso, e mais cedo que tarde, ele terá
necessariamente a solução adequada.
Suma conclusiva
Demos voz no
Parlamento aos que trabalham, aos reformados, aos estudantes, às
mulheres, às causas e lutas sociais. E não esquecemos o dever
de irmos ao encontro dos eleitores, em mais de 200 visitas que
realizámos e em cerca de 700 audiências que concedemos.
Defendemos a necessidade de reformas estruturais, e
apresentámos orientações e propostas com esse objectivo,
designadamente no âmbito do Sistema Fiscal, da Saúde, da
Justiça e da Segurança Social. Nenhuma reforma estrutural, com
marca de progresso e de justiça sociais, ficou por realizar por
carência de maioria parlamentar para a aprovar. Não se
concretizaram, apenas porque o PS e o Governo não quiseram, por
não terem essa vontade política e por temerem ferir interesses
ilegítimos instalados.
Denunciámos e combatemos o clientelismo partidário, os
"jobs for the boys", os fumos de corrupção, a
impunidade dos crimes de "colarinho branco".
Não regateámos o nosso contributo na defesa dos interesses do
País e dos trabalhadores, e combatemos as desigualdades sociais.
Fomos firmes na oposição às políticas e medidas de direita
e aos múltiplos entendimentos e convergências do PS e do
Governo com os partidos da direita e às relações promíscuas
entre o poder político e o poder económico.
Demos corpo na Assembleia da República à afirmação do
projecto político do PCP, um projecto de esquerda, assente na
garantia dos direitos e liberdades, no desenvolvimento económico
e social, na dignificação e valorização do trabalho e do
emprego com direitos, na justa repartição do rendimento e na
preservação e melhoria do ambiente.
Serão estes, sem margem para quaisquer dúvidas, os caminhos
que o futuro Grupo Parlamentar do PCP continuará a trilhar.
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Carlos Carvalhas:
Balanço de trabalho e perspectivas de futuro
«Continuaremos a tudo fazer para servir o povo e o país, continuaremos a lutar pela transformação social e pelo aprofundamento da democracia, continuaremos a lutar por um Portugal de progresso e justiça numa Europa de paz e cooperação». Um compromisso de sempre dos comunistas, sublinhado por Carlos Carvalhas no Acto público de Balanço de Actividade do Grupo Parlamentar.
Nesta prestação de
contas, «neste balanço de trabalho e também neste esforço de
rasgar perspectivas para o futuro», o secretário-geral do PCP
lembrou a importância de «recordar algumas coisas e sublinhar
algumas verdades que poderão ajudar os cidadãos a julgarem com
maior conhecimento de causa. A ligarem as suas opções à
prática das forças políticas, às suas escolhas, à sua vida,
às suas aspirações e anseios, ao que desejam para o país».
Balanço e projectos de que aqui damos nota.
Algumas verdades
1º Quem
acompanhou a vida parlamentar ou quem analisar com rigor e sem
preconceitos os posicionamentos dos diversos partidos na
Assembleia da República, terá de concluir que o que de mais
positivo foi aprovado nesta legislatura tem a iniciativa ou
apoio, ou a pressão, ou o empenho e os votos do PCP.
O PCP, com os seus votos permitiu a aprovação de várias
propostas de lei e como há pouco exemplificou o Presidente do
Grupo Parlamentar, propôs e fez aprovar nesta legislatura cerca
de 50 projectos de lei e que hoje são leis da República, como o
programa especial de acesso aos cuidados de saúde (listas de
espera) ou a criação dos Conselhos Municipais de Segurança dos
Cidadãos; ou a proibição da discriminação salarial dos
jovens, ou a criação de uma rede de serviços públicos para o
tratamento e a reinserção da toxicodependência, etc., etc.
2º Se o PCP
tivesse tido uma maior representação parlamentar teria feito
aprovar mais medidas positivas e progressistas.
Basta lembrar a questão das pausas em relação à semana de
trabalho de 40 horas; a reposição da idade da reforma das
mulheres para os 62 anos; a fiscalização do SIS; os aumentos
das reformas e dos vencimentos da função pública; a redução
significativa dos benefícios fiscais ao capital financeiro e
especulativo; a proibição das taxas suplementares aplicadas às
comunicações telefónicas...
Creio que ninguém duvida que este teria sido o nosso
posicionamento e o nosso voto e que o povo, a democracia e o
país só teriam a ganhar com estas e outras medidas.
3º Se o PS
tivesse tido a maioria absoluta, o poder absoluto a legislatura
teria sido muito mais negativa teria havido mais abuso do poder e
muito mais medidas negativas e retrógradas teriam sido
aprovadas.
Desde logo o PS teria aprovado os seus Orçamentos com
alterações mínimas, o que significaria por exemplo, que
milhares e milhares de famílias que este ano não pagarão IRS
ou pagarão bastante menos, estando por isso a descontar desde
já muito menos, não teriam este benefício; teria aprovado o
processo das incineradoras de Souzelas e Maceira, não tendo em
conta as reservas das populações e dos ecologistas; teria
aprovado o Totonegócio, o pacote laboral, a privatização da
Segurança Social, o Código Penal com a penalização de prisão
para o corte de estradas; as leis eleitorais com os círculos
uninominais e o "regabofe dos jobs for the boys" teria
sido muito maior.
Destas três realidades creio que resulta com muita nitidez
aquilo que temos afirmado, isto é, que o país necessita de uma
política mais humana, justa e fraterna. Necessita de uma viragem
à esquerda o que exige uma alteração da correlação de
forças entre o PS e a CDU.
Está nas mãos do povo português a concretização dessa
viragem.
O nosso projecto
Na próxima
legislatura trabalharemos para que se concretizem as grandes
reformas que o país necessita, no sentido do progresso e da
justiça social a começar pela reforma fiscal.
Tomamos o compromisso de, por exemplo, reduzir em largas dezenas
de milhões de contos os benefícios fiscais nomeadamente, os que
hoje são dirigidos aos capital financeiro e especulativo,
desagravando ao mesmo tempo a carga fiscal sobre os rendimentos
do trabalho.
No campo da saúde empenhar-nos-emos para que seja acelerado o
nosso programa aprovado na Assembleia da República, para que se
eliminem as "filas de espera" até ao fim de 2001, para
que se generalize os genéricos e para que nas farmácias
hospitalares e centros de saúde sejam distribuídos
gratuitamente os medicamentos que ficam mais caros se
comparticipados.
No campo do ensino, apresentaremos uma lei de financiamento do
ensino superior e acabaremos com os numerus clausus dando
prioridade à medicina.
As saídas profissionais, o trabalho com direitos e o combate aos
vínculos precários serão grandes prioridades para o PCP.
Portugal é hoje na União Europeia o campeão das desigualdades.
Por isso, o PCP quer ao nível do Orçamento de Estado, quer
através de iniciativas específicas empenhar-se-à em melhorar a
distribuição do Rendimento Nacional, inflectindo a política
que foi seguida pelo governo PS.
O aumento com realismo e justiça dos vencimentos dos
trabalhadores da Função Pública, do salário mínimo e das
reformas estará no centro das atenções do PCP.
Reapresentaremos também o nosso projecto sobre a interrupção
voluntária da gravidez a par de medidas de reforço de defesa da
maternidade e do planeamento familiar.
Em relação à legislação laboral, enterraremos de vez a
legislação sobre a redução das férias e sobre a alteração
de conceito de retribuição e tomaremos medidas para que os
vínculos precários sejam uma excepção e não a regra.
Apresentaremos um projecto para a redução para as 35 horas do
horário normal de trabalho, sem redução do salário
acompanhando de forma faseada o movimento que na União Europeia
avança neste sentido. E manteremos o nosso empenhamento na
criação de uma taxa (Tobin) sobre os movimentos de capitais,
como o fizémos ainda agora nos últimos dias dos trabalhos
parlamentares (1 de Julho) propondo a inclusão dessa taxa no
âmbito do imposto de selo e que foi significativamente rejeitada
pelo PS, PSD e CDS-PP.
O combate à morosidade da justiça, à transparência dos actos
administrativos e aos fenómenos de corrupção estarão também
nas nossas prioridades.
A nossa preocupação com a defesa e valorização da produção
nacional e a integração de importantes e estratégicas
alavancas económicas e financeiras nas linhas de desenvolvimento
do país levar-nos-ão a apresentar várias medidas em vários
domínios e em relação às empresas públicas, à
consolidação do grupo Caixa Geral de Depósitos, ao fim das
privatizações e à detenção por parte do Estado de pelo menos
um capital mínimo de bloqueio (golden shares) em empresas
básicas e estratégicas, para evitar o que sucedeu com o
processo Champalimaud-Santander.
Em resumo, a grande preocupação do PCP na próxima legislatura
será o crescimento económico do país com uma grande dimensão
social e ambiental e o aprofundamento da democracia e a
participação democrática dos cidadãos.