Israel
Baraka quer acabar
com 100 anos de conflito


O novo primeiro-ministro israelita, Ehud Baraka, tomou posse terça-feira comprometendo-se solenemente a «trabalhar para conseguir chegar a uma solução do conflito israelo-árabe através de uma paz verdadeira».

Na véspera, ao apresentar o seu programa de governo perante o Comité Central do Partido Trabalhista reunido em Telavive, Baraka já havia sublinhado a responsabilidade «de dar ao país a segurança em troca da paz, que porá fim a 100 anos de conflito».
Propondo-se desenvolver uma política de «relançamento económico», Baraka apontou como objectivos centrais do governo «a segurança nacional e a segurança individual dos israelitas no quadro de um combate enérgico ao terrorismo».
O novo governo promete ainda «acelerar a negociação com os palestinianos em ordem a alcançar um acordo permanente que deverá ser avalizado por um referendo», bem como «respeitar e aplicar os acordos assinados com os palestinianos e ao mesmo tempo a velar para que os palestinianos cumpram os seus compromissos».
Particularmente importante é o compromisso assumido de não construir novos colonatos judeus na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, o que visa apaziguar os palestinianos, ao mesmo tempo que se assegura, em benefício dos israelitas, que os já construídos não serão prejudicados «até se chegar a um acordo permanente sobre o estatuto desses territórios». Apostado em diluir os principais focos de tensão interna, o novo primeiro-ministro não deixou no entanto de anunciar a criação de uma comissão para examinar a questão dos privilégios fiscais e outras vantagens de que beneficiam os colonos relativamente a outros israelitas.
Problemática permanece a questão do estatuto de Jerusalém, que Baraka reafirma como «capital eterna de Israel», prometendo que a cidade «permanecerá unificada sob a soberania israelita».
O chefe do novo executivo promete igualmente trabalhar para «um recomeço das negociações com a Síria na base das resoluções 242 e 338 do Conselho de Segurança», assentes no princípio da restituição dos territórios ocupados por Israel em troca da paz.
Estas negociações, afirma Baraka, devem «garantir a segurança de Israel e permitir relações normais entre os dois países vizinhos». No mesmo sentido é equacionada a «retirada do exército israelita do Líbano», desde que seja garantida a segurança da fronteira norte de Israel.

Sefarditas no governo

O governo que Baraka apresentou ao Knesset conta com 18 ministros e seis vice-ministros, e tem por base uma coligação de 75 deputados dos 120 que constituem a Câmara, o que lhe garante uma folgada plataforma de apoio.
O executivo israelita é constituído pela primeira vez por uma maioria (11 em 18) de judeus sefarditas (originários dos países árabes), ao contrário dos anteriores governos que sempre foram dominados pelos os ashkenazes (judeus originários da Europa), e incluiu partidos da direita e da esquerda, laicos e ultra-religiosos.
Como todos aqueles que o precederam, o novo gabinete não inclui nenhum árabe israelita, apesar de a minoria árabe representar 18 por cento da população.


«Avante!» Nº 1336 - 8.Julho.1999