CGTP critica falta de dignificação do trabalho


A CGTP criticou o facto de o trabalho continuar a ser desvalorizado, ao invés da sua dignificação, deixando ao Governo o recado de «que tem ainda condições para actuar no sentido correcto».

Em conferência de imprensa, realizada na semana transacta, em jeito de pré-balanço da Legislatura, o dirigente da Intersindical Ulisses Garrido apresentou como exemplos da não dignificação do trabalho e dos trabalhadores a «manutenção de índices elevados de sinistralidade no trabalho» e o facto de a Segurança Social «continuar a actuar apenas sobre os beneficiários», esquecendo «os patrões que descontam sobre o trabalhador e não pagam a respectiva contribuição».
«A CGTP identifica-se com uma Segurança Social de qualidade e casos destes só servem para denegrir a sua imagem», afirmou Ulisses Garrido.
A testemunhar como a «valorização do trabalhador continua a não ser uma prioridade do Governo», ainda segundo aquele dirigente sindical, estão as situações de salários em atraso, «os esforços do Grupo Mello em alterar os mecanismos de contagem e controlo do tempo de trabalho» nas empresas Lisnave/Gestnave, e a movimentação dos trabalhadores dos estabelecimentos fabris das Forças Armadas - que realizaram uma greve terça-feira no Arsenal do Alfeite - e dos ferroviários, pela reestruturação das suas carreiras. Ulisses Garrido acredita que estes são sectores «em que a conflitualidade se agudizará nos próximos tempos» (trabalhadores da CP e da REFER têm marcado também uma paralisação de 24 horas para amanhã, dia 23), e sublinhou que o Governo «continua ainda em funções» e tem «condições para actuar no sentido correcto, sem preocupações eleitoralistas».
Entretanto, para hoje, em Lisboa, está marcada uma reunião nacional de sindicatos, no decorrer da qual será feita uma apreciação da VII legislatura.


«Avante!» Nº 1338 - 22.Julho.1999