Médio Oriente
Barak prevê paz em 15 meses


O novo primeiro-ministro israelita prosseguiu o seu périplo internacional e, na semana passada, visitou um país tradicionalmente aliado de Israel: os Estados Unidos. Aí, reiterou o seu compromisso de cumprir os acordos e apontou para 15 meses um prazo possível para a concretização de um acordo global para o Médio Oriente. Os palestinianos insistem com Barak para que não se esqueça de implementar o acordado em Wye Plantation.

Os dirigentes palestinianos rejeitaram o apelo do primeiro-ministro israelita, Ehud Barak, a adiar a aplicação dos acordos já assinados. «Qualquer sugestão que vise juntar os acordos de Wye Plantation e o estatuto final significaria quer o congelamento dos actuais acordos, quer a anulação ou a sua emenda, o que não seria lógico nem aceitável», defendeu o principal negociador palestiniano, Saeb Erakat, na segunda-feira, anunciado a posição do Comité Executivo da OLP.
«O que queremos ver da parte de Barak é a aplicação no terreno do acordo de Wye», declarou Erakat, acrescentando que as negociações sobre o estatuto permanente dos territórios da Cisjordânia e de Gaza não avançam antes disso.
Por seu lado, Barak continua a mostrar boa vontade e a criar expectativas. Depois de reiterar o seu «compromisso de cumprir os acordos internacionais e a vontade de avançar em todos as frentes do processo de paz», o primeiro-ministro israelita expressou a sua confiança de que nos próximos 15 meses seja concluído um acordo para o Médio Oriente.
«Nesse período de 15 meses, o primeiro-ministro acredita que será possível conhecer os resultados das negociações em três zonas: Síria, Líbano e os palestinianos», afirmou um acessor de Ehud Barak a uma rádio israelita.
No entanto, Jerusalém continua a ser uma questão delicada. Durante a sua visita aos Estados Unidos, numa entrevista à cadeia NBC, Barak declarou que «a nossa capital é uma Jerusalém unida e soberana e assim será para sempre», não colocando de parte a possibilidade de os palestinianos formarem um Estado autónomo: «Não sou um profeta, mas quando chegar o momento, os palestinianos terão de negociar connosco que tipo de entidade formam.»
Quanto ao grande número de refugiados palestinianos, Barak sustentou que estes «não podem voltar a Israel em nenhuma circunstância, mas pode encontrar-se uma solução melhor para eles nos países em que vivem actualmente».


Síria e Líbano

O primeiro-ministro israelita mostrou-se disposto a aceitar «dolorosos compromissos» para solucionar os diferendos com Damasco, que se baseiam essencialmente na ocupação desde há 32 anos de quase todo o território do Alto dos Golãs.
Também no lado sírio se registaram movimentações. De acordo com fontes governamentais, o vice-presidente, Abdel-Halin Khaddam, reuniu-se recentemente com grupos extremistas palestinianos radicados no país e exortou-os a depor as armas e a apoiar as conversações de paz.
A iniciativa da Síria vai ao encontro das declarações de Barak, que afirmou no fim-de-semana que o desenvolvimento das conversações com Damasco dependem da sua vontade de fazer frente ao terrorismo, bem como de chegar a soluções sobre a repartição de água, a abertura de embaixadas, as garantias de segurança fronteiriça e a cooperação económica.
Quanto ao Líbano, o líder israelita sublinhou que gostaria de fazer a curto prazo uma retirada do sul do país, acrescentando, contudo, que esta decisão não poderá ser unilateral e que deve ser incluída num acordo global.


«Avante!» Nº 1338 - 22.Julho.1999