Iraque
Ataque aliado
provoca 17 mortos


Os ataques norte-americanos e britânicos contra o Iraque prosseguem a um ritmo quase diário. No domingo, 17 civis morreram e 18 ficaram feridos na sequência de um bombardeamento da aviação aliada no sul do país.

«Dezasseis formações de aviões inimigos efectuaram 14 saídas a partir do espaço aéreo saudita e 25 saídas a partir do Kuwait sobrevoando as províncias de Bassorá, Muthanna, Missan, Najaf e Zhi Qar», informou um porta-voz do Comando de Defesa Anti-Aérea iraquiana.
Segundo a agência noticiosa iraquiana, INA, as vítimas da «vil agressão» são na sua maioria mulheres, crianças e idosos».
Este é o maior número de baixas civis registado na região desde Dezembro último.
Segundo um comunicado do Departamento de Defesa os aviões norte-americanos atacaram em legítima defesa, respondendo a um «ataque iraquiano», e visaram «uma bateria de mísseis» e «um sistema de comunicações militares». A explicação que não confere com as informações de Bagdag, que acusam Londres e Washington de bombardear «instalações civis».
Os ataques dos «aliados» contra o Iraque, que já quase não merecem a atenção da imprensa internacional, testemunham o persistente clima de afrontamento que se vive na região. Ainda no final da semana passada Bagdad acusou Londres de ter impedido uma equipa da FAO (Organização da ONU para a alimentação e agricultura) de levar a cabo uma missão no país. A equipa devia examinar a reconstrução de uma fábrica de vacinas para animais, mas missão foi cancelada sem explicação.
A fábrica em causa produzia vacinas contra a febre aftosa e foi destruída em 1996 pelos peritos da comissão especial da ONU encarregada do desarmamento iraquiano (UNSCOM).
Mais de 800 veterinários iraquianos foram mobilizados em meados de Junho no quadro de uma campanha nacional para combater a febre aftosa que matou mais de 500.000 bovinos, segundo a imprensa iraquiana.
As autoridades iraquianas afirmam que na origem do cancelamento da visita está a «oposição do governo britânico», que teria enviado a 10 de Julho «uma carta à FAO demonstrando a sua preocupação quanto ao objectivo da missão».
«A atitude britânica inscreve-se no quadro da sua animosidade face ao Iraque e das tentativas de atingir o povo iraquiano», acusa Bagdad, que já apelou ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para pôr fim a estas ingerências de Londres.


«Avante!» Nº 1338 - 22.Julho.1999