Colômbia
Negociações
de paz adiadas
As negociações de paz colombianas foram adiadas indefinidamente pelo Governo de Andrés Pastrana e pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A decisão foi tomada no domingo, na véspera da data prevista para o início do funcionamento das mesas de discussão dos acordos.
Na base desta
decisão estão desentendimentos entre as autoridades e os
guerrilheiros, nomeadamente em relação à criação de uma
comissão internacional de verificação da zona desmilitarizada
- num total de 42 mil quilómetros quadrados - entregue às FARC.
O exército acusa a guerrilha de usar esta área para se rearmar
e para lançar ataques contra as Forças Armadas. As FARC, por
seu lado, negam as acusações e afirmam que só aceitam uma
comissão que vigie o processo.
A opinião pública colombiana agarra-se agora a uma única
esperança: a reunião entre os negociadores convocada para dia
30. Apesar da ordem de trabalhos não ser conhecida, trata-se da
única iniciativa relacionada com o processo de paz prevista.
A tensão aumentou entre as duas partes nos últimos dias, em
especial quando Raúl Reyes, um dos três negociadores das FARC,
admitiu que 11 homens foram mortos na zona desmilitarizada, todos
militares infiltrados disfarçados de civis. «As FARC estão
interessadas na paz e não têm vocação de mártires», afirmou
Reyes, acrescentando: «Não nos deixaremos matar.»
Os paramilitares também deixaram a sua marca, assassinado 14
camponeses na região de Catatumbo, no fim-de-semana. A
possibilidade de se verificar um aumento de ataques e
intervenções dos grupos paramilitares cresce de dia para dia.
O Presidente conservador Andrés Pastrana vê-se cada vez mais
pressionado para abandonar de vez a via pacífica. Por um lado, o
exército considera que foram feitas demasiadas concessões às
FARC, e por outro, os empresários colombianos exortaram-no a ter
«mão dura» com os guerrilheiros e a promover o fortalecimento
das Forças Armadas e a privatização da cobrança de impostos.