Vala comum encontrada em Angola
Uma centena de cadáveres foi descoberta numa vala comum na aldeia angolana de Chipeta, a leste da cidade do Cuíto, por populares durante uma campanha de limpeza, no sábado.
Segundo um oficial
da polícia citado pela agência Lusa, os cadáveres pertencem a
funcionários públicos assassinados por forças militares da
Unita durante a ocupação daquela área há uns meses atrás. As
vítimas terão sido acusadas de colaborar com as Forças
Armadas.
Os populares informaram que os corpos foram encontrados com
cordas de nylon. A rádio católica Ecclesia acrescentou
que as vítimas foram amarradas e lançadas na vala, para «onde
atiraram granadas e realizaram disparos de metralhadora».
Outras fontes afirmam que o município de Camacupa, ocupado pelas
tropas de Jonas Savimbi, é palco da contínua violação de
direitos humanos. Meia centena de funcionários do Estado estão
desaparecidos, bem como entidades religiosas.
Entretanto, na segunda-feira, 30 camiões de ajuda humanitária
da Caritas foram destruídos num ataque perpetrado por um grupo
armado não identificado, ao norte de Luanda. O paradeiro dos
funcionários da instituição é desconhecido.
No mesmo dia, três carros civis foram queimados por soldados da
Unita na estrada que liga Negage e Lucala. Os ocupantes são
dados como desaparecidos. «Em muitos casos, os rebeldes da Unita
mandam parar as viaturas e recebem as mercadorias dos
passageiros, mas ultimamente optaram por matar e raptar as
pessoas», explicou à Lusa um responsável da polícia nacional.
De visita a Angola, o presidente da Nigéria condenou os países
que apoiam a Unita e desrespeitam o embargo decretado pela ONU.
«Qualquer país que não obedecer a estes princípios deverá
ser encarado como estando contra a posição da comunidade
internacional», declarou Olusegun Obasanjo, no início da
semana.
Obasanjo afirmou que as eleições angolanas de 1992 foram justas
e transparentes e que as decisões do povo angolano devem ser
respeitadas, tal como o Acordo de Lusaca.