Madeira
Mais juventude, mais CDU


Na sexta-feira passada, a CDU/Madeira apresentou como cabeça de lista às eleições para a Assembleia da República, o jovem Marco Gonçalves.

Marco Gonçalves, um independente indicado pelo PCP, tem 25 anos e é advogado licenciado pela Universidade de Lisboa.
Na apresentação da lista de candidatos, Edgar Silva, chamando a atenção para o facto de esta ser encabeçada por um independente e colocar em segundo lugar um elemento do Partido Ecologista «Os Verdes», reafirmou o objectivo da coligação de «garantir uma maior abertura à sociedade» e «dar mais força à CDU».
A CDU/Madeira não aponta como objectivo prioritário a eleição de um deputado mas, segundo o dirigente comunista, isso dependerá sempre da vontade do eleitorado. Para já, o objectivo político é «ter o maior número de votos e aumentar significativamente em relação às últimas eleições para a Assembleia da República».
Considerando, em tom de gracejo, que a lista da CDU é constituída por «ilustres desconhecidos», Edgar Silva garantiu, entretanto, que todos são pessoas «com uma ligação forte às populações e aos problemas concretos de quem trabalha». E, nesse sentido, «o trabalho colectivo conta».
A coligação aposta, porém, na juventude, o que, aliás, já fez nas eleições para o Parlamento Europeu com resultados excelentes. Pessoas novas «de cara lavada, livres e credíveis para lutar junto das populações».
Por sua vez, Marco Gonçalves afirmou que a lista que encabeça quer «trabalhar e demonstrar que a CDU é uma força que pretende crescer». «Será um trabalho colectivo, seguindo aquilo que já é tradição dentro da CDU», disse, «Não é um trabalho de uma pessoa só».

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Maus tratos na Região

No âmbito da campanha regional «Madeira sem Maus Tratos», a organização de Mulheres da CDU promoveu numa unidade hoteleira do Funchal, no passado sábado, o Fórum «Causas dos Maus Tratos – perspectivas de mudança».
Ao tentar sensibilizar as comunidades regionais para os graves problemas da violência e da agressão á mulher, a CDU/M pretende motivar uma mudança nas mentalidades e nos comportamentos e, assim, garantir os direitos das mulheres.
Os maus tratos são uma das facetas mais comuns (e das mais envergonhadas...) do quotidiano madeirense, atingindo particularmente milhares de mulheres que diariamente sofrem todo o tipo de violências, quer de ordem física quer psicológica, chegando muitas vezes a ter de ser assistidas em estabelecimento hospitalar. Porém, na maioria das vezes, as mulheres não apresentam queixa, preferindo ocultar a verdade ou não admitindo as verdadeiras causas da agressão.
A questão dos maus tratos não é, contudo, exclusiva da Madeira, pelo que este Fórum contou com a participação de convidadas de várias zonas do país, com experiência neste campo, entre as quais se destacam Ana Braga da Cruz, Presidente da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, Inês Fontinha, responsável do Ninho, associação de apoio às mulheres vítimas de prostituição, Maria Macedo, da Associação de Mulheres Contra a Violência, e Ana Benedita, assessora da Câmara Municipal de Moura e uma das responsáveis pelo desenvolvimento de projectos e de programas relacionados com o problema dos maus tratos e direitos da mulher naquela zona alentejana.
Entre os presentes, encontravam-se ainda convidados da Região de várias áreas como a Saúde, Educação e Movimento Sindical, entre outras, que deram o seu contributo para o debate e troca de experiências.
Foi notória a complementaridade entre as abordagens que se foram fazendo ao longo do dia e que revelaram a existência de raízes comuns aos problemas das mulheres, sejam eles a prostituição, o abuso sexual ou a violência doméstica.
Os participantes apontaram sugestões para a consolidação de uma política de defesa da mulher, considerando inconcebível que, na Madeira e nos Açores, não existam linhas telefónicas de apoio às mulheres maltratadas ou mesmo linhas mais generalistas para a mulher. Como igualmente grave é o fato de na Madeira não existir um centro de apoio e atendimento, ou de abrigo e protecção às mulheres vítimas de violência.
Por outro lado, os programas de combate à pobreza e de apoio às mulheres vítimas de prostituição têm um grau de eficácia quase nulo e os apoios financeiros disponibilizados pela UE para estes fins são muito mal aplicados, não existindo qualquer tipo de apoio social, jurídico e psicológico a quem deles necessita.
Tudo o que foi dito no Fórum acabou por confirmar, afinal, a necessidade de prosseguir o trabalho de sensibilização e informação que permita à mulher ganhar confiança e conquistar o espaço que lhe é devido na sociedade.


«Avante!» Nº 1338 - 22.Julho.1999