Administração não quer pagar prémios
Direito à greve
em causa na Petrogal


Os lucros foram maiores que o previsto, mas a administração recusa pagar os prémios de produtividade porque os trabalhadores fizeram dois dias de greve em Janeiro. Em resposta, a Fequimetal/CGTP avançou com nova proposta de luta.

Em plenário realizados durante segunda e terça-feira, os trabalhadores da Petrogal repudiaram as retaliações e ameaças da administração, admitindo decretar nova greve a breve prazo.
Na semana passada, a Federação Intersindical da Química e Metalurgia anunciou a realização dos plenários e adiantou que ia avançar com um processo-crime contra os membros do conselho de administração e da direcção de Recursos Humanos da Petrogal. Estes, revelava a Fequimetal, no comunicado que divulgou à imprensa, decidiram recusar o pagamento do prémio de produtividade respeitante ao primeiro semestre deste ano, justificando tal recusa no facto de os trabalhadores terem realizado em Janeiro uma greve de dois dias. A administração «também pretende enterrar o direito de greve na Petrogal, exigindo que os trabalhadores e os sindicatos renunciem expressamente do direito de poderem vir, no futuro, a exercer a greve, quando necessário para defesa das suas condições de vida e de trabalho», acusava a federação. Para a Fequimetal, «é intolerável que, 25 anos depois de restabelecida a democracia no nosso país, esta administração tenha o atrevimento de exigir tamanha monstruosidade, quando no regime fascista os trabalhadores já lutavam e recorriam à greve».
Nos primeiros seis meses deste ano, os resultados obtidos pela Petrogal ultrapassaram os 17 milhões de contos. O prémio de produtividade, previsto no «acordo autónomo» subscrito pelos representantes da administração e dos sindicatos, tinha como condição que fossem atingidos os 16 milhões (resultado antes de impostos). «Em vez de não querer pagar o que deve», a Petrogal deveria, perante estes números, «aumentar o valor do prémio», uma vez que «os trabalhadores ultrapassaram largamente os níveis de produtividade orçamentados» - exige a Fequimetal.
Quanto à «paz social» que, em declarações da administração, foi apresentada como condicionante da atribuição do prémio de produtividade do primeiro semestre, um dirigente da Fequimetal esclareceu que não houve qualquer compromisso dos representantes sindicais nesse sentido. À acta final do «acordo autónomo» a administração apôs uma adenda, salientando a importância de haver paz social. «Também achamos que deve haver paz social na empresa», disse Fernando Silva ao «Avante!», ressalvando que «é a administração que tem provocado conflitos» e que, de forma alguma, aquela adenda pode ser vista como condição para o pagamento dos prémios semestrais de produtividade, nem do prémio suplementar, no final do ano. Cada um dos três prémios equivale, por trabalhador, a meio salário ou, no mínimo, 125 contos.


«Avante!» Nº 1341 - 12.Agosto.1999