Todos os caminhos vão dar à Festa


Começa amanhã e, durante três dias, vai ser uma festa... Mais do que isso: vai ser A Festa, singular, única e para a qual só a do ano passado pode ser tomada como termo de comparação. Vai ser a Festa a que todos os caminhos irão dar no próximo fim de semana, a Festa-ponto-de-encontro de muitos e muitos milhares de pessoas – nuns casos, encontros marcados desde todas as Festas anteriores, reencontros portanto, inevitávelmente pontuados com um «isto está cada vez mais bonito!»; noutros casos, primeiros encontros descobertos na Festa acabada de descobrir, no espanto de ver o que se julgava não ser o que é e ser o que não é, e que empurra, também inevitávelmente, para exclamativos «nunca pensei que isto fosse tão bonito!», a que se segue a irreversível decisão de voltar para o ano. É assim, de facto. Por mais voltas e reviravoltas que se queiram dar e por muito que custe aos que, confundindo desejos com a realidade, ainda não se cansaram de «demonstrar» as suas doentias «inevitabilidades», os seus obsessivos «declínios irreversíveis», enfim, «o fim».

Falemos sempre e sempre da construção da Festa: do esforço colectivo que ela representa; da força imparável nascida de muitas vontades somadas; da criatividade sem margens dos seus construtores; da determinação e da alegria com que alguns milhares de militantes e simpatizantes comunistas constroem três dias de alegria para muitos e muitos milhares de pessoas.
Relembremos, justamente, o papel decisivo e determinante dos jovens na criação desse espaço que durante três dias será ocupado por uma população onde a Juventude terá presença maioritária – realidades que, somadas, fazem com que «Festa do Avante!» seja, cada vez mais, sinónimo de «Festa da Juventude».
Registemos, com igual justeza, o esforço e a abnegação dos vários milhares de activistas que, durante três dias, asseguram as muitas, diversificadas e, por vezes complexas, tarefas indispensáveis ao bom funcionamento da Festa.
E sublinhemos o facto incontestável de nenhum outro partido nacional ser capaz de fazer uma Festa como esta – sem dúvida repetindo-nos na enunciação desta evidência, mas com a convicção profunda de que esta conclusão, seguramente partilhada pela generalidade dos e das visitantes da Festa, é a verdade maior e mais significativa da «Festa do Avante!».

Por tudo isto – e porque tudo isto espelha claramente a diferença existente entre o PCP e todos os outros partidos – a Festa é um momento de particular importância na vida e na actividade partidária dos militantes comunistas. Não se trata de uma rentrée como a que, nos restantes partidos, procura mascarar a ausência de actividade militante no ano que finda e a sua inexistência no ano que começa e, ao mesmo tempo, esconder a diferença que há entre as suas promessas eleitorais e a sua prática concreta no período que decorre entre as sucessivas eleições. Trata-se, bem pelo contrário, do culminar de um ano de intensa luta e de permanente intervenção político-partidária e, simultaneamente, da partida para um novo período de novas tarefas e novas batalhas por parte de quem está consciente de que tem um papel a desempenhar na vida nacional. E muitas são as tarefas que, no futuro imediato, se colocam aos comunistas, aos militantes de um partido que, sempre com os trabalhadores e o povo, não dá tréguas à política de direita e não desiste de lutar pela igualdade e pela justiça social, pela concretização de uma política de esquerda que dê prioridade à resolução dos problemas dos que trabalham e vivem do seu trabalho e que dê resposta aos anseios e aspirações da maioria das portuguesas e portugueses. O facto de o PCP ser o único partido a inscrever estas preocupações na sua actividade torna mais difícil a luta dos comunistas mas torna-a também mais exaltante.

As eleições legislativas de 10 de Outubro constituem a primeira grande batalha que temos pela frente, batalha que pela sua relevância, pelo que nela está em jogo, nos coloca exigências incontornáveis. Por isso ela estará presente na Festa, em múltiplas iniciativas de carácter político e de forma mais marcante na intervenção que o Secretário Geral do PCP, Carlos Carvalhas, produzirá no grande comício de Domingo à tarde. Intervenção cujo conteúdo de seriedade e verdade pode ser anunciado previamente e que, por isso mesmo, contrasta com a prática dos outros dirigentes partidários – Guterres com um discurso cada vez mais teatralizado (que, naturalmente, deixa extasiados os seus comentadores políticos privados) e no qual exibe uma ridícula vaidade pessoal (mal disfarçada por uma ainda mais ridícula falsa modéstia) e uma preocupante sede de poder absoluto (mascarada de «diálogos», «transparências» e «paixões» só dele conhecidas); Barroso, um vencido fingindo-se possível vencedor, num crescendo de confusionismo e baralhação de onde emerge como dado adquirido o seu profundo apego à política de direita; Portas, o «filho querido» da comunicação social, cavalgando uma demagogia sem freio, produzindo um discurso dito «populista», forma «moderna» de dizer «de conteúdo neo-fascista».

Reforçar a expressão eleitoral da CDU e aumentar o número dos seus deputados eleitos, é o objectivo primeiro e o que mais força dará ao desejo de uma mudança de política – e é um objectivo possível de alcançar na base de uma forte campanha eleitoral, de uma ampla mobilização e intervenção militante, de um intenso trabalho de esclarecimento que faça chegar junto do maior número possível de pessoas a nossa mensagem, as nossas propostas, a verdade sobre o papel de cada partido na legislatura que agora finda, a clarificação sobre os reflexos dos resultados eleitorais na evolução da situação política nacional.
Um bom resultado eleitoral da CDU dará maior capacidade de intervenção aos nossos deputados na Assembleia da República e dará mais força à luta que, sejam quais forem os resultados gerais, é necessário continuar e intensificar.
A poderosa concentração de massas que é a «Festa do Avante!» tem todas as condições para vir a ser a primeira grande etapa da batalha eleitoral que se avizinha. Nela teremos oportunidade de fazer chegar a nossa voz a muitos milhares de homens, mulheres e jovens que, não sendo comunistas, ali querem estar connosco neste fim de semana, ali se sentem entre a sua gente e, por isso, consideram a Festa também sua. Dela sairá, cada um de nós, militantes comunistas, com ainda maior determinação para dar o seu contributo para o êxito da campanha e com ainda maior confiança nos resultados desse esforço colectivo.


«Avante!» Nº 1344 - 2.Setembro.1999