Vendaval
de repressão
na Brisa privatizada
A Brisa decidiu desencadear um processo disciplinar, com intenção de despedimento, contra um representante dos trabalhadores que, no exercício das suas funções, denunciou várias irregularidades e atentados aos direitos, sobretudo na área de actuação da direcção-geral de Exploração.
«A situação é
tanto mais grave quanto foi o próprio presidente do Conselho de
Administração da Brisa a solicitar aos membros da Comissão de
Trabalhadores, em reunião havida com estes, que lhe colocassem
por escrito os problemas e irregularidades de que tivessem
conhecimento», salienta o Sindicato do Comércio, Escritórios e
Serviços do Norte, num comunicado em que classifica o processo
disciplinar como «mais uma tentativa de enfraquecimento da
organização dos trabalhadores, visando retirar-lhes direitos e
reduzir os postos de trabalho».
No documento que distribuiu à imprensa, o CESNorte/CGTP-IN
manifesta «profunda preocupação» face a «um alarmante
recrudescimento da repressão sobre os trabalhadores e a uma
escalada de procedimentos disciplinares a membros das ORTs e
dirigentes sindicais, com particular destaque a partir da
privatização da empresa». «Nesta investida tem-se salientado
a direcção-geral de Exploração», diz o sindicato.
Foi desta direcção-geral que partiu a decisão de instaurar o
processo contra António Vieira, membro da CT da Brisa e
dirigente do CESNorte, que escreveu ao presidente da empresa
sobre problemas de que tinha conhecimento.
A redução dos postos de trabalho é «uma intenção
publicamente expressa pela Brisa», acusa o sindicato, que aponta
a quebra do emprego como «uma das primeiras prioridades» no
processo de privatização da empresa das auto-estradas.
O sindicato solicitou, com carácter de urgência, uma reunião
com o principal responsável da Brisa, para debater a situação
na empresa e exigir «o respeitos pelos interesses e direitos de
quem trabalha e o cumprimento integral das leis e do acordo de
empresa». Na exigência de justiça e na expressão de
solidariedade a António Vieira, o CESNorte contou com a
posição pública da União dos Sindicatos do Porto e do
Sindicato do Vestuário deste distrito, entre outras estruturas.
Entretanto, foram anunciadas reuniões de representantes dos
trabalhadores da Brisa de todo o País, para analisar este
problema e medidas de resposta.