Regime esclavagista
no bingo do Salgueiros


Subsistem graves problemas laborais no bingo do SC Salgueiros, onde impera há quase nove anos «um autêntico regime esclavagista», acusa o Sindicato da Hotelaria do Norte, que na segunda-feira enviou uma carta-aberta ao presidente do clube.

Além de José António Linhares, o documento foi enviado à comunicação social, ao Provedor de Justiça, ao ministro do Trabalho e aos secretários de Estado do Trabalho e dos Desportos, ao Inspector Geral do Trabalho, ao governador civil e ao presidente da CM do Porto, ao presidente da Liga dos Clubes, à Federação Portuguesa de Futebol e à Associação de Futebol do Porto.
Aos jornalistas o sindicato recorda que tem feito denúncias às autoridades e tem apoiado acções dos trabalhadores, incluindo greves, para resistir às medidas tomadas desde que, no final de 1990, António Ramalho foi colocado na direcção do bingo. Lembra ainda que, logo nessa altura, os trabalhadores admitidos de novo eram confrontados com a exigência de assinarem cartas em branco, que depois serviam para despedimentos sem quaisquer direitos.
Na carta ao presidente, o SHN começa por referir que José António Linhares não responde aos pedidos de reunião, enquanto os problemas persistem, mesmo depois das intervenções da Inspecção do Trabalho, da Inspecção de Jogos, da Inspecção de Higiene e Saúde e dos tribunais. Entre outros casos, o sindicato afirma que, desde 1996, todos os trabalhadores são contratados a prazo; a direcção do bingo obriga o pessoal a prolongamento horário e quem se recusa é punido com reduções no salário e no prémio; desde 1998 já se verificaram mais de duzentos casos de expulsão de trabalhadores das instalações; apesar de multado pela Inspecção do Trabalho e condenado em tribunal, o bingo continua a não dar tempo a trabalhadores para tomarem uma refeição ligeira (violando o que está previsto na contratação colectiva) e chega ao ponto de, todos os dias, expulsar uma trabalhadora que insiste em usufruir daquele direito; em 1999 deixou trabalhadores sem actualização salarial, enquanto a outros concedeu aumentos de 1,5 ou 3,6 por cento.


«Avante!» Nº 1344 - 2.Setembro.1999