Graves incidentes em Timor-Leste


O primeiro dia da contagem de votos ficou marcado por graves incidentes em Díli, onde ontem, cerca das 17 horas locais (10 horas em Portugal), elementos das milícias pró-Indonésia voltaram a atacar, primeiro no Bairro Mascarenhas e, pouco depois, junto da sede da Unamet, que acabaram por cercar.

Jornalistas presentes no local – que também foram alvejados – noticiaram que foi incendiada uma casa, pertencente a um dirigente do CNRT. A polícia indonésia acorreu aos locais, na sequência dos graves distúrbios, mas não interveio.
Um grupo de jornalistas portugueses que se deslocou ao Bairro Mascarenhas foi expulso pelos elementos das milícias, perante a passividade dos agentes da polícia que ali se encontravam, relatou a Lusa, adiantando que a polícia limitou-se a aconselhá-los a abandonar a zona. A população fugiu, após o que se ouviram mais tiros disparados pelos milicianos.
Segundo alguns jovens que se encontravam no local, o bairro já só era habitado por homens, que ficaram para defender as casas. Estes mesmos jovens acabaram por ser alvo dos tiros das milícias, pouco depois de terem falado com os jornalistas. Elementos da UNAMET que passaram no local foram igualmente visados.
Ontem e hoje deviam ser contados os boletins de voto, para verificar se o seu número corresponde ao de votantes no referendo de segunda-feira. Segue-se a contagem da votação propriamente dita, que poderá demorar mais um ou dois dias.
Anteontem foi constituída a Comissão Consultiva para a Transição de Timor-Leste, composta por dez elementos indicados pelo Conselho Nacional da Resistência Timorense, por outros dez integracionistas, escolhidos pela UNIF, cinco personalidades nomeadas pelo secretário-geral da ONU, e ainda os bispos Carlos Ximenes Belo e Basílio do Nascimento, como conselheiros honorários, e o governador de Timor-Leste, Abílio Osório Soares, como membro honorário.


«Avante!» Nº 1344 - 2.Setembro.1999