EUA desmentem notícia
sobre espião na NATO


A Casa Branca desmentiu no fim-de-semana as informações divulgadas pelo jornal escocês Scotsman, segundo as quais um espião infiltrado na NATO transmitiu aos serviços secretos russos informações que permitiram a Belgrado a abater um avião F-117A Stealth norte-americano, durante a guerra do Kosovo.

Segundo o jornal, o alegado espião era membro da estrutura de comando da NATO e foi descoberto, encontrando-se já detido.
«Não é verdade», afirmou o porta-voz da Casa Branca, Joe Lockart, citado pela Lusa, acrescentando que não só ninguém foi detido, como «os planos de voo dos aviões furtivos Stealth eram estabelecidos pelo Pentágono, e não eram transmitidos à NATO».
De acordo com Paul Beaver, autor do artigo do Scotsman e um dos peritos do grupo de imprensa Jane's, especializado em questões de defesa, o espião, não identificado, era membro da estrutura de comando da Aliança Atlântica. Citando «fontes da NATO», Beaver afirma que o espião transmitiu as informações ultra-secretas a Moscovo, que, por sua vez, as fez chegar a Belgrado.
A mesma fonte, não identificada, garante que o espião foi detido pouco depois de ter sido descoberto, e ainda se encontra detido. «Não se trata, afirma o jornal, de alguém que tivesse feito isto por uma razão ideológica mas apenas para ganhar dinheiro».
Tanto os serviços secretos russos (SVR) como a NATO se recusaram a comentar a notícia do jornal escocês.
«Como qualquer outro serviço secreto no mundo, não fazemos comentários sobre quem trabalha ou não trabalha para nós», declarou em Moscovo um porta-voz dos SVR, Boris Labusov, citado pela agência Interfax.
«A política da NATO é não confirmar nem desmentir as informações que têm a ver com a segurança da instituição», disse por seu turno um porta-voz da aliança em Bruxelas.
O desmentido da Casa Branca revela não só uma aparente descoordenação entre Bruxelas e Washington, como confirma o que sistematicamente foi negado durante os ataques à Jugoslávia, ou seja, que as principais decisões foram tomadas pelos EUA, muitas vezes à revelia dos seus aliados da NATO.
Apesar do desmentido, a notícia, independentemente da sua veracidade, poderá contribuir para acirrar os ânimos dos albano-kosovares contra as tropas russas estacionadas no Kosovo.


«Avante!» Nº 1344 - 2.Setembro.1999