Candidatos da CDU
Apresentação de listas em Lisboa



Um encontro-convívio de candidatos da CDU reuniu, na passada segunda-feira, no Castelo de São Jorge, em Lisboa, candidatos da coligação unitária de todo o país.

A iniciativa, que teve como objectivo a apresentação das listas de candidatos da CDU, coincidiu com a realização do referendo em Timor-Leste.
Na sua intervenção, que reproduzimos nesta página, Carlos Carvalhas começou por homenagear os timorenses, num momento em que votaram para decidir o seu futuro, lembrando que os activistas da CDU «nunca faltaram com a sua solidariedade activa» à causa de Timor-Leste.
Relativamente às listas, cujo período de legalização terminou nesse mesmo dia, o secretário-geral do PCP destacou o número significativo de mulheres candidatas às eleições legislativas de Outubro.
Sublinhou ainda que quase um quarto dos candidatos da CDU são independentes ou pertencem ao Partido Ecologista «Os Verdes» e à Intervenção Democrática.
As listas da CDU reflectem uma elevada participação de jovens e a profunda ligação aos trabalhadores e a movimentos sociais.

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Da intervenção de Carlos Carvalhas:

Mudar para melhor

Terminou hoje o período de legalização das candidaturas às eleições legislativas de 10 de Outubro.
A composição das listas com que a CDU se apresenta ao acto eleitoral de 10 de Outubro próximo para a Assembleia da República, pela sua diversidade social e cultural e onde a par da participação naturalmente relevante do PCP, quase um quarto dos candidatos são do Partido "Os Verdes", da Intervenção Democrática e independentes, confirma a CDU como espaço unitário e de diálogo entre forças democráticas comungando de um projecto comum.

As listas da CDU caracterizam-se por uma elevada participação de jovens ( 42 candidatos com menos de 25 anos). Esta participação mostra o empenho da Coligação na problemática juvenil e na sua mobilização, não apenas para a construção do seu próprio futuro, mas a sua participação solidária, criativa dinâmica na construção de um País mais desenvolvido e mais justo. A CDU apela aos jovens para com a sua alegria, irreverência e dinamismo dêem um contributo para uma grande e confiante campanha eleitoral. Mas para a CDU os jovens não servem apenas para agitar bandeiras, para a CDU, como as listas anunciadas comprovam, os jovens têm voz e espaço para intervir, agora na campanha e amanhã na Assembleia da República.

As listas da CDU marcam uma posição inequívoca na concretização do direito à igualdade das mulheres, na promoção da sua participação na vida política. As listas da CDU têm 110 mulheres, 33,6% do total dos candidatos, mais de um terço. Por decisão própria e seguindo uma orientação concretizada eleição a eleição, o numero de mulheres passou de 21% para 33,6% relativamente às ultimas eleições legislativas. E não se trata só do valor global nas listas. Apenas na base dos resultados das últimas eleições estaria garantida a eleição de cinco deputadas da CDU, isto é um terço do total dos deputados, mas se como se impõe e confiamos que vai acontecer a votação da CDU for reforçada é possível aumentar ainda mais o número de deputadas eleitas pela CDU.

As listas da CDU comprovam uma profunda ligação aos trabalhadores, aos movimentos sociais, ao movimento operário e sindical, facto evidenciado pela participação nas listas de 83 dirigentes sindicais, mais de um quarto dos candidatos, que os trabalhadores conhecem, que dão garantias pelas provas dadas, que intervieram ao longo dos últimos anos em defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores, nomeadamente contra os propósitos do Governo PS de concretizar o pacote laboral. Candidatos que também confirmam que o reforço da CDU é uma sólida garantia para os trabalhadores fazerem reforçar a sua voz, o seu protesto, a sua exigência, para que sejam defendidos os seus direitos, em particular o direito ás férias e caminho para garantir mais direitos, melhores condições e nível de vida e mais respeito por quem trabalha.

As listas da CDU contam também com a participação de 106 eleitos em autarquias locais, com um trabalho imenso ao serviço das populações, largamente reconhecido, feito com dedicação, competência e honestidade que são uma garantia de experiência e de capacidade de resolução dos problemas das populações.

A CDU concorre em todos os 22 círculos eleitorais, para em todo o lado disputar e conquistar o voto de todos aqueles que não querem a continuação da política de direita, que querem o desenvolvimento e melhoria das condições de vida e que nas suas mãos, na sua opção de voto, já tomada, ou a tomar até 10 de Outubro, através do reforço da votação e do número de deputados a eleger pela CDU, têm a possibilidade de contribuir para viragem à esquerda na política nacional.

Os 327 candidatos que integram as listas da CDU, operários e empregados destacados, quadros técnicos e intelectuais de reconhecido mérito, com provas dadas nos mais diversos domínios profissionais e da intervenção cívica, social, cultural e política na sociedade portuguesa, dão assim garantias de prosseguir e fortalecer o valioso trabalho realizado pelos deputados eleitos pela CDU, através do Grupo Parlamentar do PCP e do Grupo Parlamentar de "Os Verdes", na legislatura que está a terminar. São homens e mulheres profundamente ligados aos problemas do povo e do país, em que se pode confiar para lutar por uma nova política que permita uma perspectiva nova, uma perspectiva de progresso para o nosso país.

E é para que a vida das portuguesas e dos portugueses possa mudar para melhor que a CDU coloca no centro do debate eleitoral a luta por uma política inspirada pelos valores da esquerda; o combate ao neoliberalismo; a promoção do desenvolvimento económico e social, com uma mais equitativa repartição do Rendimento Nacional, a defesa dos sectores produtivos e a valorização das PME’s; a reforma do sistema fiscal para uma maior justiça tributária, aliviando a excessiva carga sobre os rendimentos do Trabalho; a reforma do Serviço Nacional de Saúde que assegure de facto o direito à saúde de todos os cidadãos; uma política que faça da defesa do Ambiente e do reforço dos direitos sociais um factor essencial de desenvolvimento, uma conquista inalienável da pessoa humana e um avanço de civilização.

Com confiança, com empenho e audácia, trabalharemos intensamente para que os portugueses possam escolher com verdade, para que em 10 de Outubro, um importante reforço da CDU seja a forte expressão da vontade popular de uma viragem à esquerda.

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Ponta Delgada

Uma maioria absoluta do PS nas eleições legislativas seria o regresso ao tempo do cavaquismo, afirmou Carlos Carvalhas, em Ponta Delgada, na apresentação dos candidatos pelo círculo dos Açores.
O secretário-geral do PCP defendeu que os portugueses devem, pelo contrário, centrar-se na ideia de pluralismo como peça fundamental para a consolidação da democracia.
Sublinhou, por outro lado, que os Açores teriam a ganhar com uma voz interventiva na Assembleia da República, e não com mais um deputado do PS ou PSD. Opinião partilhada por Decq Mota, que defendeu a necessidade de criar condições no país que permitam uma viragem à esquerda.

Grândola

«Se as promessas pagassem impostos, há muito que estava resolvido o défice da saúde e a situação financeira da Segurança Social», ironizou Carlos Carvalhas, falando num jantar que reuniu, em Grândola, cerca de duas centenas de militantes e apoiantes do PCP e da CDU.
O secretário-geral do PCP advertiu para o «auto-elogio e o leilão de promessas» que o PS e o PSD, respectivamente, farão durante a campanha eleitoral para as legislativas de 10 de Outubro.
Numa antevisão da campanha que antecederá as eleições, Carvalhas manifestou a convicção de que o PS «vai fazer um auto-elogio e assumir que ainda há muito que fazer, procurando passar a mensagem de que, se tiver uma maioria nas próximas legislativas, vai fazer aquilo que não fez nos últimos quatro anos».


«Avante!» Nº 1344 - 2.Setembro.1999