Até ao último minuto


Todas as eleições constituem para nós, militantes e simpatizantes comunistas, importantes batalhas políticas nas quais nos envolvemos com todas as nossas forças e capacidades. No entanto, e ao contrário do que sucede com todas as outras forças políticas, a intervenção do PCP não se reduz à participação nessas batalhas eleitorais: terminada uma eleição continuamos a luta de todos os dias, sempre com os trabalhadores e o povo, sempre na defesa dos direitos e interesses da maioria da população portuguesa. Daí que um resultado eleitoral se revista, para nós, de uma importância dupla: a que decorre das consequências imediatas desse resultado – traduzida, nomeadamente, no número de votos e de eleitos alcançado – e a que decorre do maior ou menor impulso que esse resultado dá à luta que continua no dia a seguir às eleições. Assim, na situação actual, a batalha que travamos visa reforçar a expressão eleitoral da CDU e aumentar o número dos seus deputados na Assembleia da República, sabendo que, alcançado esse resultado, ficaremos em muito melhores condições para travar com êxito todas as batalhas do futuro imediato.

Apesar dos muitos obstáculos e dificuldades que se nos deparam, são reais as possibilidades de a CDU vir a obter um bom resultado nas eleições do próximo Domingo. Da campanha que temos vindo a desenvolver, e através da qual temos procurado fazer chegar a nossa mensagem ao maior número possível de pessoas, emergem sinais positivos que reforçam a nossa confiança. É certo que esta é uma batalha desigual, uma batalha na qual a seriedade da campanha da CDU se confronta com a demagogia desenfreada, o fala-baratismo sem fronteiras que caracterizam as campanhas da generalidade das outras forças políticas. É certo que o engenheiro Guterres, doentiamente fixado na perigosa obsessão do poder absoluto, não olha a meios para alcançar os seus fins e elegeu o vale-tudo como método exclusivo de intervenção. É certo que o PS, apoiado à direita na muleta do PP e à esquerda na bengala do BE, leva por diante uma campanha onde a governamentalização, o abuso de poder, a manipulação, a hipocrisia atingem níveis que nem o cavaquismo, nos seus tempos «áureos», ousou atingir. É certo tudo isto. Mas é igualmente certo que a CDU dispõe de trunfos que nenhuma outra força política dispõe e que constituem razões bastantes para lhe permitir encarar os resultados eleitorais de 10 de Outubro com grande serenidade e confiança.

Como acima se disse, o PCP (e igualmente os seus aliados na CDU) não esgota a sua actividade na intervenção eleitoral. Sendo um partido com um projecto transformador e com uma prática coerente com esse projecto, o PCP desenvolve uma permanente acção política, social, de massas, aliás reconhecida como positiva pela generalidade dos portugueses. Os trabalhadores, mesmo aqueles que por razões e preconceitos vários não têm votado na CDU, sabem que o PCP é o único Partido com o qual podem sempre contar. Esse trabalho praticado todos os dias, portanto no período entre eleições, é um trunfo que só o PCP possui e que lhe permite dizer, dizendo a verdade, que a CDU não está à espera de eleições e campanhas eleitorais para se afirmar defensora dos interesses dos trabalhadores, dos reformados, dos agricultores, dos jovens, das mulheres, dos intelectuais, dos deficientes. Para a CDU, uma campanha eleitoral é sempre um momento de prestação de contas da sua actividade geral, de relembrar o que fez e de reafirmar a sua disponibilidade para continuar a lutar.

E na situação concreta da actual campanha, este foi igualmente o momento de os deputados da CDU prestarem contas pelo trabalho que desenvolveram na última legislatura: assim o fizeram, deixando bem clara a sua superioridade em relação aos deputados de todas as outras forças políticas. Não é demais insistir, ainda que a três dias da realização das eleições, que os 15 deputados da CDU – que correspondem a 5,6% do total dos deputados na Assembleia da República – apresentaram 36% do total dos projectos apresentados em toda a legislatura; que estão ligados directa ou indirectamente a tudo o que de positivo ali foi aprovado; e que se opuseram, com a sua intervenção e o seu voto, a todas as propostas e medidas negativas. Não é demais insistir, igualmente, nas propostas eleitorais da CDU, propostas que - pela sua seriedade, pelo seu sentido de justiça e de resposta aos anseios da maioria dos portugueses, pela sua preocupação em contribuir para a resolução dos principais problemas que hoje se colocam aos trabalhadores, ao povo e ao país – se distinguem com grande nitidez da avalanche de promessas com que, tradicionalmente e sempre contando com a falta de memória dos eleitores, os outros partidos procuram a todo o custo caçar votos.

Por tudo isto, muitas são as razões que suportam a nossa confiança nos resultados destas eleições. E elas serão tantas mais, quanto maior for o nosso empenhamento até ao último minuto nesta batalha. Cada um de nós, individualmente, e nós todos, colectivamente, podemos ainda, nestes últimos três dias, dar um contributo decisivo para que a CDU venha a obter um bom resultado eleitoral. Participando em todas as iniciativas da campanha – nomeadamente nas várias caravanas programadas, nas diversas iniciativas de contacto com os trabalhadores e as populações, nos comícios de encerramento da campanha – contribuiremos para reforçar a confiança do nosso eleitorado nesse bom resultado. E ganharemos seguramente muitos votos se cada um de nós contactar pessoalmente todos os seus familiares, amigos, companheiros de trabalho, vizinhos – nuns casos incentivando-os a ir votar, lembrando-lhes que por um voto se ganha e por um voto se perde; noutros casos convencendo-os da importância de votar na CDU, demonstrando-lhes que, seja qual for a sua opção partidária e independentemente de anteriores opções de voto, nesta situação concreta o voto na CDU é não só o que melhor defende os seus interesses e lhes dá garantias plenas de não vir a ser desvirtuado nas suas intenções, mas também o único que conta para reforçar a luta futura contra a política de direita e por uma política de esquerda.


«Avante!» Nº 1349 - 7.Outubro.1999