Surto
de lutas
na Administração Pública
Hoje, em Lisboa, dirigentes e delegados sindicais da Administração Local vão entregar ao primeiro-ministro uma «carta de protesto» com milhares de assinaturas de trabalhadores das autarquias. A iniciativa vem no seguimento de uma série de acções, recentemente levadas a cabo pelo STAL e o STML, com destaque para a muito participada concentração nacional, no dia 23 de Setembro.
A carta a Guterres
começou a recolher assinaturas logo após o Conselho de
Ministros da semana passada, de onde os sindicatos exigiam que
saíssem medidas para, ainda que tardiamente, valorizar e
dignificar os trabalhadores da Administração Local.
Contrariando compromissos, promessas e expectativas, o Governo
não avançou com um aumento intercalar de 5 mil escudos, nem
procedeu à regulamentação do suplemento de insalubridade,
penosidade e risco, nem garantiu dez pontos de valorização para
trabalhadores prejudicados com a revisão de carreiras, nem
uniformizou em 3 anos o tempo para mudança de escalão.
No Porto vai ter lugar amanhã, na Praça da Batalha, uma
concentração de dirigentes e activistas do STAL, das regiões
de Aveiro, Coimbra, Guarda, Viseu, Porto, Braga, Bragança, Viana
do Castelo e Vila Real, que dali desfilarão até ao Governo
Civil.
Para ontem de manhã, junto ao Ministério da Agricultura,
foi convocada uma manifestação de auxiliares técnicos, para
reclamar a reclassificação das suas carreiras profissionais. A
federação da Função Pública refere que o Ministério, já em
Maio, declarou que concordava a necessidade da reclassificação
das carreiras de auxiliar técnico, auxiliar técnico de
laboratório, de pecuária e de silvicultura, mas «nada foi
feito nesse sentido». Os trabalhadores que defendem a
transição para a carreira técnico-profissional, tratamento
igual ao que foi dado às carreiras de escriturário
dactilógrafo e de auxiliar técnico administrativo já
tinham realizado uma concentração em Julho, junto à secretaria
de Estado da Administração Pública.
Greves
A greve da passada
sexta-feira, no sector administrativo da saúde, registou
«um elevado índice de adesão», confirmou o Sindicato da
Função Pública do Sul e Açores, destacando os hospitais de
Lisboa (85 por cento de adesão, em S. José, Santa Maria,
Desterro, Curry Cabral, e superior, nos Capuchos e em Santa
Marta), Abrantes, Tomar e Santarém (todos com 90 por cento),
Garcia da Orta (85 por cento), e os centros de saúde de
Alvalade, Entroncamento, Santarém e Chamusca (adesões entre 80
e 90 por cento).
Entre os objectivos da greve, sobressaiu a exigência de
aplicação do subsídio de risco e penosidade a todo o pessoal
da saúde (o Governo apenas pretende aplicá-lo a enfermeiros, em
alguns serviços e sob grandes limitações, o que já levou os
profissionais da enfermagem a fazerem greve a 22 de Setembro).
Mas entre os motivos da paralisação de 1 de Outubro estão
também matérias específicas das carreiras administrativas, dos
serviços gerais do Ministério, do pessoal operário, dos
técnicos de diagnóstico e terapêutica e dos técnicos
superiores de saúde, refere o sindicato, que inclui ainda, nas
razões para a paralisação, «a defesa de um serviço público
de maior qualidade, contra as privatizações».
No último dia de Setembro entraram em greve «com elevado
índice de adesão» os trabalhadores do Registo Nacional de
Pessoas Colectivas, informou também o STFPSA/CGTP. A greve,
segundo o sindicato, abrange o trabalho extraordinário e o
período das 14.30 às 17 horas, todos os dias, e é motivada
pela falta de cumprimento dos acordos firmados pelo Governo
quanto à transição do pessoal do RNPC para as carreiras do
notariado. Inicialmente marcada para o período entre 20 de
Setembro e 31 de Outubro, a greve só se iniciou no dia 30 porque
a DGRN solicitou algum tempo para fazer andar o processo mas
manteve uma «postura de grande lentidão e contraditória».
Ainda no dia 30 de Setembro, estiveram em greve cerca de 4500
trabalhadores dos impostos de todo o País, em luta contra
a estrutura de carreiras que o Governo ia aprovar nesse dia e
que, segundo a federação e os sindicatos da Função Pública,
«subverte por completo as actuais expectativas profissionais,
introduzindo mecanismos de selecção que cerceiam,
objectivamente, o direito à carreira da maioria».
A época de caça abriu sem fiscalização, no domingo, devido à
greve dos guardas florestais, que exigem do Governo a
actualização do suplemento de risco, a aplicação da
revalorização de carreiras (decidida no início do ano) e a
regularização do pagamento das ajudas de custo (há um atraso
superior a 8 meses), informou a FNSFP.