Irregularidades nos horários de trabalho
Correios em greve
até 26 de Novembro


Em defesa de uma redução real dos horários de trabalho, de 40 para 39 horas semanais, os trabalhadores dos CTT estão em greve desde segunda-feira, dia 4, até ao final de Novembro, abandonando o serviço 12 minutos mais cedo e recusando fazer trabalho extraordinário.

A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações, que já no dia 22 de Setembro denunciou, ao ministro João Cravinho e à secretária de Estado Leonor Coutinho, bem como à Inspecção Geral do Trabalho, as «irregularidades e ilegalidades» da administração dos CTT.
De acordo com o sindicato, os responsáveis da empresa deturparam a conclusão das negociações que prevêem as 39 horas semanais e aproveitaram para alterar horários de trabalho. A hora semanal a menos seria obtida, pelas contas da administração, em várias formas, todas prejudiciais para os trabalhadores:

- retardando 12 minutos a entrada ao serviço, o que faria com que os funcionários que entram, até agora, às 6 da manhã, perdessem o abono por «horário incómodo», enquanto os que actualmente entram às 8 horas perderiam o subsídio de pequeno-almoço; o SNTCT exige que estas perdas sejam corrigidas com a devida alteração no Acordo de Empresa;
- aumentando 12 minutos o intervalo de descanso, ao almoço, o que significaria que os trabalhadores continuavam a entrar e sair à mesma hora, contrariando na prática o objectivo da redução do horário;
- reduzindo os 60 minutos semanais no horário de um determinado dia, enquanto vários responsáveis vão espalhando que, quando esse dia coincidir com feriado, a redução do horário semanal não se fará sentir.

Além destes trabalhadores, também estão em greve aqueles a quem o horário de trabalho foi alterado sem qualquer negociação. Todos os demais funcionários dos CTT «podem e devem fazer greve ao trabalho extraordinário, a partir do dia 11 de Outubro e até ao dia 30 de Novembro», apela o SNTCT/CGTP.


Portugal Telecom

«Os trabalhadores da Portugal Telecom não podem ser cobaias da administração, não podem estar sujeitos a permanentes experiências empresariais», protesta a Comissão de Trabalhadores da PT, num comunicado em que comenta a passagem de sociedade anónima (SA) a sociedade gestora de participações sociais (SGPS). Os principais objectivos desta recente alteração estatutária, segundo a CT, são a redução drástica dos postos de trabalho e a desregulamentação da contratação colectiva, precarizando o emprego e retirando direitos consagrados no Acordo de Empresa.
A «criação artificial de excedentes» de mão-de-obra resultará da divisão da PT em «muitas micro-empresas», ao mesmo tempo que prossegue uma política com efeitos contrários às intenções anunciadas pela «administração "cansada", que se limita a seguir a filosofia herdada do engenheiro Todo Bom, do PSD», acusa a CT, num comunicado em distribuição aos trabalhadores.


«Avante!» Nº 1349 - 7.Outubro.1999