França
Dezenas de milhares de trabalhadores saíram segunda-feira à rua em toda a França, em resposta a um apelo da CGT, para exigir «melhoramentos» no projecto de lei sobre as 35 horas de trabalho semanal, cujo debate se iniciou anteontem na Assembleia Nacional. Também o patronato francês se mobilizou, por seu lado, mas para contestar a legislação, que considera «um erro».
Em Paris, desfilaram cerca de 25.000 trabalhadores; em Lyon, 4.000; em
Marselha, 10.000; em Lille, 3.000; em Saint-Etienne, 2.000; em Clermont-Ferrand, 3.000...
Os manifestantes, trabalhadores tanto do sector privado como do público, apelaram à
unidade por «novas conquistas sociais», gritaram palavras de ordem contra o trabalho
precário, defenderam a jornada de 35 horas pelo crescimento do emprego. O patronato
marcou encontro, por seu lado, no parque de exposições da porta de Versailles: cerca de
25.000 patrões responderam ao chamamento da central patronal MEDEF para manifestar a sua
oposição às leis Aubry (ministra do Trabalho), que consideram ser «contra as
empresas».
É neste clima que vão decorrer, nas próximas duas semanas, os debates no Parlamento
sobre a segunda versão da lei das 35 horas. O resultado final é ainda uma incógnita. Os
verdes admitem abster-se; os comunistas insistem na necessidade de segunda versão dever
ser melhor do que a primeira, o que não é o caso, e contam com o movimento de massas
para influenciar o processo e a correlação de forças a nível parlamentar num sentido
positivo; os socialistas dizem-se optimistas em conseguir uma maioria para aprovar «uma
das grandes leis de esquerda». Quanto aos partidos de direita, pouco se têm pronunciado,
embora seja de esperar que correspondam aos anseios do patronato.
O PCF apelou entretanto à realização de uma manifestação nacional pelo emprego, no
próximo dia 16 de Outubro. A iniciativa recebeu o apoio dos Verdes, mas até ao
encerramento desta edição o Partido Socialista e as organizações sindicais ainda não
se tinham pronunciado sobre o assunto.