Eslováquia
Nova "república das bananas"


Desde 1945, nenhuma geração na Eslováquia sentiu uma descida tão drástica na qualidade de vida como a actual. Este ano os eslovacos viram o desemprego atingir meio milhão de pessoas e as perspectivas apontam para que a taxa chegue aos 22 por cento. Hoje o orçamento familiar médio mensal per capita é de 5,140 coroas eslovacas por mês (cerca de 33 contos).

A situação na Eslováquia mudou profundamente nos últimos dez meses, desde que o governo de Mikulás Dzurinda tomou posse. O executivo é composto por uma coligação de dez partidos - que vão desde a extrema direita ao Partido da Esquerda Democrática -, muito aplaudida pela Nato e por países da União Europeia, contando mesmo com o seu apoio financeiro.
Numa entrevista ao diário «Slovenska Republika», o presidente da federação de sindicatos, Ivan Saktor, falou das acções governativas: «A Eslováquia perdeu o direito de tomar as suas próprias decisões. Encontramo-nos numa sala de espera para candidatos ao estatuto de "república das bananas", ao lado de outros concorrentes.»
De certo modo, estas declarações constituem uma auto-crítica. Em 1989, na Checoslováquia os sindicatos contribuíram para a instalação do actual regime político, económico e social, responsável pelo actual empobrecimento da sociedade.
Saktor refere que as políticas que se seguiram «apenas aumentaram as desigualdades», dado que o governo se «submete inteiramente aos ditames do Fundo Monetário Internacional e de outras instituições financeiras».
Estas declarações reflectem uma nova postura, pois até há pouco tempo os sindicatos viam as transformações ocorridas após 1989 como muito positivas, tendo contribuído inclusivamente para o fim do anterior governo de Vladimir Meciar, que, apesar de pró-capitalista, mostrou grande relutância em se submeter cegamente às imposições do FMI e do Banco Mundial e propôs uma direcção económica nacional.

Para fazer face à situação, o Partido Comunista da Eslováquia apelou recentemente à unidade de várias forças para formar uma frente de esquerda.


«Avante!» Nº 1349 - 7.Outubro.1999