Nas nossas mãos
Se dúvidas houvesse sobre a ânsia de poder
que nutre e motiva a acção eleitoral do PS bastaria, para o
confirmar, observar o tom que tem sido dado à campanha nestes
últimos dias. Um a um, Guterres e os principais dirigentes do PS
têm-se encarregado de reproduzir a mesma obsessão na procura do
poder que antes haviam criticado a Cavaco e ao PSD. Ontem como
hoje a mesma dramatização, teatralizada, a mesma coacção e
chantagem eleitoral, a mesma tese do nós ou o caos.
E se dúvidas houvesse, também, sobre os riscos do que uma
maioria absoluta representará enquanto projecto de um poder
absoluto que o PS já não consegue disfarçar, a incontida
ambição com que o PS a todo o custo a procura é a prova
suficiente desses riscos e desses perigos. Não basta porém que
ganhe espaço na reflexão de muitos eleitores a consciência
desse perigo. É necessário dar força material a essa
consciência e eficácia ao combate a esse risco. A todos
aqueles, e muitos são, que com a memória ainda viva do que
representou para o País a última maioria absoluta do PSD temem
justificadamente numa nova concentração de poder absoluto a
questão que têm diante de si é a de tomar nas suas próprias
mãos o acto de o evitar. Com o voto na CDU.
Dissemos e repetimos que impedir que o PS obtenha uma maioria absoluta é no quadro presente a melhor forma de impedir que a política de direita seja prosseguida e acentuada em condições mais difíceis de resistência e luta contra as suas consequências. É que consegui-lo à custa de um redobrado reforço da votação e da presença parlamentar da CDU é a melhor e a única garantia de associar a esse resultado as condições para lutar por uma nova política e uma viragem à esquerda na política nacional. Pelo que a todos que aspiram a essa viragem, e a impedir pela esquerda uma nova maioria absoluta, se lhes coloca a questão de não faltarem com o seu contributo para que no próximo dia 10 de Outubro olhando para os resultados se possa confirmar que o mérito de ter impedido o poder absoluto do PS radicou na reforçada presença da CDU, e não na de outros partidos. Como importa também vencer nestes escassos, mas decisivos dias, aquela ideia de algum conformismo de eleitores que alegando não esperar nada de novo destas eleições possam vir para sua surpresa a ser despertados tardiamente para o facto de se depararem com algo que não desejavam mas que nada fizeram para evitar.
Está nas nossas mãos assegurar agora em 10 de Outubro o apoio e a força que possibilitem à CDU pesar mais e decisivamente na concretização de uma nova política e na defesa dos interesses daqueles que aspiram a uma vida mais digna e com maior justiça. Pelo que, para evitar ficar nas mãos de uns e não deixar nas mãos de outros o que individualmente cada um entende dever ser feito, o que aos portugueses e às portuguesas se coloca é o de assumirem aquele gesto responsável e decidido de tomarem em suas mãos o apoio e o voto na CDU. Jorge Cordeiro