Seguros vão a votos
na próxima quinta-feira


«A situação a que chegou o nosso sindicato comprova claramente que está esgotada a opção feita nos últimos actos eleitorais, bem como se encontra testada a incapacidade do modelo sindical preconizado e praticado nos últimos 15 anos», pelo que «chegou a hora de mudar» – defende a tendência «Um sindicato de todos e para todos», no manifesto em que apela ao voto na Lista B, para os corpos gerentes do Sindicato dos Trabalhadores de Seguros do Sul e Regiões Autónomas, nas eleições marcadas para dia 21 de Outubro.

A pretendida mudança é concretizada em dez pontos, salientando a candidatura que «o sindicato começa nas empresas» e que, «por esse motivo e contrariamente ao que tem sido a prática sindical desde 1976, a nossa actuação desenrolar-se-á, fundamentalmente, nos locais de trabalho, acompanhando os trabalhadores nos seus anseios e reivindicações, procurando com eles defender adequadamente os seus direitos e interesses».

Reagir à ofensiva

No sector de seguros, afirma a tendência, «aprofunda-se a ofensiva» contra os trabalhadores e os seus direitos, no quadro de «uma política maximalista patronal e governamental, que visa fundamentalmente o lucro à custa da sobre-exploração de quem trabalha». No comunicado em que anunciou o lançamento da candidatura, refere alguns dos mais graves fenómenos que dão corpo a tal ofensiva:

- reformas compulsivas, despedimentos mascarados de «rescisões amigáveis», transferências sem controlo, processos disciplinares – práticas que têm levado à saída de milhares de trabalhadores e às consequentes deficiências técnicas que já se registam;
- trabalho extraordinário não remunerado, perda de regalias, um clima de «terror psicológico» e ainda o receio do desemprego, que pressionam os trabalhadores a aceitarem o arbítrio patronal;
- incremento da contratação com vínculos precários, até para funções de elevado índice técnico e atingindo, sobretudo, jovens;
- a «satelitização» de serviços e funções da actividade seguradora, com prejuízo para os trabalhadores.

Merece uma referência especial a «grande deterioração» dos salários, afirmando a tendência «Um sindicato de todos e para todos» que «a política seguida, de actualizar as tabelas salariais segundo o critério simplista da inflação, é um embuste». No comunicado são apontados exemplos de perdas de poder de compra dos salários, superiores a 40 por cento, apenas relativamente à inflação verificada nas últimas duas décadas.
Perante tão forte ofensiva, «a Direcção do nosso sindicato não fez rigorosamente nada», «foi cúmplice da acção do patronato» e «deve, por isso, ser responsabilizada».
A tendência promotora da Lista B acusa ainda os actuais dirigentes do STSSRA de, na proposta de revisão contratual, «proporem» ao patronato a eliminação da definição de funções, depois de terem destruído as pensões complementares de reforma (que deixaram de ser um direito dos novos trabalhadores e diminuíram substancialmente para os restantes) e de terem permitido que, ilegalmente, seja recusada aos mediadores a constituição das suas carteiras de seguros.
Embora «muitos colegas, cada vez mais abandonados à sua sorte nos conflitos constantes com as entidades patronais, atravessem uma fase de desânimo», a tendência afirma que «a hora não é de desânimo», mas sim de «mudança com frontalidade e decisão», elegendo no dia 21 «uma direcção sindical não comprometida com as associações patronais nem com o aparelho governamental».


«Avante!» Nº 1350 - 14.Outubro.1999