Administração
Local
prometeu «castigo»
Uma «Carta de Protesto» com milhares de assinaturas de trabalhadores das autarquias foi entregue quinta-feira passada na residência oficial do primeiro-ministro por dirigentes sindicais do sector.
O abaixo-assinado,
que foi igualmente entregue, na sexta-feira, no Governo Civil do
Porto com assinaturas recolhidas nas autarquias do Norte, acusa
António Guterres de não ter cumprido, no mandato que agora
termina, as promessas que fez aos trabalhadores da
Administração Local, que são mais de cem mil.
Numa alusão à forma como esses trabalhadores iriam votar no
domingo, o documento elaborado pelo Sindicato dos Trabalhadores
da Administração Local e pelo Sindicato dos Trabalhadores do
Município de Lisboa recorda que «quem não cumpre tem
castigo».
Em declarações à Agência Lusa, o dirigente sindical José
Manuel Marques disse que os trabalhadores pretendem, basicamente,
recuperar o poder de compra perdido nos últimos quatro anos, já
que os seus aumentos foram absorvidos pela inflação. Assim,
reclamam um aumento intercalar mínimo de cinco contos e a
regulamentação imediata do suplemento de risco e insalubridade,
que devia ter entrado em vigor há três anos.
Por outro lado, a diferença entre o índice 100 salário
mínimo da Administração Pública e o salário mínimo
nacional, em vez de diminuir, continuou a aumentar, tendo passado
de 3,5 por cento em 1995 para os actuais 7,6 por cento. Os
sindicatos exigem que essa diferença seja eliminada, ainda que
de forma faseada.
Finalmente, os trabalhadores das autarquias pretendem que seja
uniformizado para três anos o tempo de permanência em cada
escalão da carreira, medida que a própria Assembleia da
República já contemplou numa autorização legislativa que deu
ao Governo.
Matosinhos
A greve de
sexta-feira nos Serviços Municipalizados de Matosinhos registou
uma adesão de 75 por cento, de acordo com o STAL. João Avelino,
dirigente do sindicato, disse à Lusa que «alguns sectores
encerraram e o atendimento esteve a 50 por cento», tendo vários
dos 204 trabalhadores dos SMM feito greve pela primeira vez na
sua vida.
Uma delegação de trabalhadores foi recebida pelo governador
civil do Porto, Carlos Barral, que se comprometeu a transmitir ao
presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, Soares de
Oliveira, as preocupações que lhe foram manifestadas.
Os trabalhadores contestam a concessão a privados, por 25 anos,
da gestão dos SMM, decidida pela Câmara de Matosinhos e que
terá de ser ratificada pela Assembleia Municipal. O STAL
considera que, «tendo em conta a experiência de outros
municípios, se corre o risco de socialização dos custos e da
privatização dos lucros, característica indissociável da
lógica privada».