Berlim
CDU e
PDS sobem
SPD e Verdes descem
As eleições de domingo em Berlim saldaram-se pela vitória da democracia-cristã (CDU), a queda dos social-democratas (SPD) e uma significativa subida do Partido do Socialismo Democrático (PDS), que para além de se afirmar como a primeira força política da parte oriental da cidade conseguiu melhorar a sua votação na parte ocidental.
O Partido
Social-democrata Alemão (SPD), do chanceler Gerhard Schröder,
sofreu em Berlim o seu último desastre eleitoral do ano,
passando de 23,6 por cento para 22,4 por cento, o que não lhe
dá mais do que 42 lugares no novo Parlamento da cidade. Desde
Fevereiro, o SPD viu o cartão vermelho do eleitorado em sete
eleições regionais, nas eleições europeias e em várias
eleições municipais, o que traduz um claro descontentamento
popular com a sua política de reformas, cada vez mais virada
para a defesa da economia de mercado em detrimento da justiça
social.
Apesar da quebra eleitoral do SDP não ter sido tão acentuada
como se previa, o resultado dos social-democratas é o pior desde
o pós-guerra. Já a CDU, com 40,8 por cento dos votos (contra
37,4 por cento em 1995), alcança o seu melhor resultado de
sempre. Quanto ao PDS, sobe a sua votação de 14,6 por cento
para 17,7 por cento, enquanto os Verdes (aliados do SPD no
governo federal) descem de 13,2 por cento para 9,9 por cento. Os
Liberais, por seu turno, confirmam a tendência para a
extinção, não indo além dos 2,2 por cento dos votos, ficando
mesmo atrás dos Republicanos, de extrema-direita, que chegam aos
2,7 por cento.
O novo Parlamento de Berlim passa desta forma a contar com 78
lugares da CDU, 42 do SPD, 33 do PDS e 18 dos Verdes.
A divisão política entre as partes ocidental e oriental de
Berlim, que conta com um total de 23 distritos e 2,47 milhões de
eleitores, ficou uma vez mais patente neste escrutínio. Enquanto
no lado ocidental a CDU se afirma como a primeira força
política, com 48,9 por cento dos votos, na parte oriental a
liderança pertence ao PDS, com 40,9 por cento dos votos.
Todos os comentadores são unânimes em reconhecer que o PDS é o
grande vencedor das eleições de Berlim. Para além de confirmar
a sua liderança no leste, que representa cerca de 60 por cento
do território da cidade, o PDS também conseguiu melhorar os
seus resultados no lado ocidental, duplicando a votação
alcançada em 1995 e ganhando em números absolutos mais de
19.000 votos, ou seja, um progresso ainda mais significativo do
que no Leste (mais 12.000 votos do que no último escrutínio).
Um dos melhores resultados do PDS foi no distrito de Mittle, sede
do governo federal, em que conquistou 42,1 por cento dos votos,
contra 22 por cento da CDU e 12,3 por cento do SPD.
Com os resultados de domingo, o PDS passa a estar representado em
19 das 23 administrações locais, para além de aumentar o
número de deputados no Parlamento de Berlim.
A capital alemã é governada desde 1991 por uma coligação
entre a CDU e o SPD, que agora não parece ser fácil reeditar.
Eberhard Diepgen, cabeça de lista da CDU e actual presidente de
Berlim, convidou os social-democratas para negociações ainda
esta semana, mas o SPD ainda não respondeu ao convite.