Novo impulso
A grande importância do resultado das eleições legislativas de domingo passado pode ser avaliada tanto pelo resultado alcançado - o reforço da CDU com inversão da tendência de decréscimo eleitoral que há muitos anos se verificava e o estrondoso falhanço do PS na obtenção da maioria absoluta em que concentrou todos os seus esforços -, como pelo que teria acontecido, em vários planos, caso se tivesse verificado a situação oposta.
Estava montado o cenário dos maus agouros: nova descida eleitoral dos comunistas, ainda por cima por deslocação de uma fatia do seu eleitorado para o Bloco de Esquerda; governo absoluto do PS, com o PCP doravante e no fundamental confinado à influência ao nível de contra-poderes sociais e "protegido" de "tentações" governativas.
Afinal a maioria do eleitorado mostrou com clareza que não quer que o PS governe com uma maioria absoluta. E reforçou as condições para que a Assembleia da República exerça o seu papel fiscalizador e se mantenha como um importante espaço de debate e de confrontação ou convergência políticas, indispensáveis ao bom funcionamento da democracia.
Quanto ao reforço eleitoral da CDU - em
percentagem e com a obtenção de mais dois mandatos
parlamentares - importa sublinhar que ele termina um longo ciclo
de descidas eleitorais e que inverte (finalmente) essa
tendência.
O que ilustra as possibilidades existentes de um muito maior
reforço futuro, desde que preenchidas condições de
aprofundamento da ligação do Partido a todos os trabalhadores e
à sociedade, com atenção particular à juventude, inseparável
do conhecimento das profundas alterações que se observam na
realidade social e da procura de respostas ajustadas a essas
mudanças; de uma muito maior iniciativa social, política e no
domínio ideológico; de uma audaciosa afirmação comunista que
não só não é contraditória como exige, ao mesmo tempo, uma
igualmente audaciosa abertura, diálogo e convergência, para a
construção de um projecto de esquerda e de poder, com
condições de vencer.
Aqui se sustenta, pois, a necessidade de retomar, prosseguir e aprofundar o caminho do novo impulso que o Comité Central decidiu em Fevereiro do ano passado. Porque do ponto de vista do futuro da nossa causa e da nossa luta, da resposta aos problemas e aos desafios com que estamos confrontados, esse caminho não tem, verdadeiramente, alternativa. Edgar Correia