As primeiras apreciações aos resultados


Um pouco por toda a parte, as organizações do PCP começaram a analisar os resultados eleitorais e, a partir deles, a proceder à avaliação crítica do trabalho realizado e à definição de orientações para a sua actividade futura. É, entretanto, unânime a apreciação muito positiva que fazem quer em relação ao reforço da votação e do número de deputados da CDU quer no que respeita à não obtenção da maioria absoluta pelo PS.

A Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, em conferência de imprensa realizada na terça-feira, considera que «apesar das características únicas e excepcionais» em que a campanha eleitoral se desenrolou, foi possível a alguns sectores do eleitorado perceber «quem, na Assembleia da República mais e melhor trabalhou nos últimos quatro anos em benefício dos distrito» e destrinçar entre quem assumiu compromissos justos que «respondem à satisfação das necessidades e aspirações das populações» e os que «se limitaram a promover a demagogia e a enunciar um conjunto de promessas eleitoralistas».
Para a DORS, o PS «contrariando» a ligeira tendência de crescimento nacional que registou (0,14%), «foi penalizado no distrito de Setúbal com a perda de 1,4 ponto percentual e de um deputado» por ter assumido uma política de direita, ao serviço dos grandes grupos financeiros, contra os trabalhadores e o distrito».
Aliás, das quatro principais forças políticas, a CDU foi a única que aumentou o número de deputados e registou uma subida percentual (1,04%), que lhe permite «retomar as posições eleitorais mais condizentes com os objectivos e o projecto de sociedade por que luta», ao mesmo tempo que impediu a obtenção da maioria absoluta pelo PS.
A DORS realça, por fim, a perda de influência do PSD e do CDS/PP (menos 2 pontos percentuais) e a continuação da dispersão de cerca de cinco por cento dos votos por pequenas organizações políticas «cuja vida se limita a aparecerem nos períodos eleitorais.

Ovar

No concelho de Ovar, a CDU regista uma subida assinalável, quer em número de votos quer em percentagem.
Segundo a Comissão Concelhia de Ovar do PCP, importa, contudo, salientar o facto de a CDU ter registado uma subida na totalidade das oito freguesias, quer em número de votos (mais de 20%) quer em percentagem (de 4,8 para 6,45%).
Por seu lado, o PS, o PSD e o PP registaram uma descida global de votos, quer em número de votos quer em percentagem.
Assim, apesar de lamentar que a CDU não tenha conseguido eleger um deputado por Aveiro (objectivo que logo à partida se afigurava muito difícil), a Concelhia de Ovar considera os resultados alcançados como muito positivos, confirmando-se «uma tendência de crescimento sustentado da CDU quer no concelho quer em todo o distrito».

Palmela

Também no concelho de Palmela, a CDU é «singularmente a única grande força política que, em relação a 1995, não só aumenta o número de votos (de 5 149 para 5 342), mas igualmente sobre 2,5 pontos percentuais (de 21% para 23,5%). O PS, apesar de vencedor no concelho, perde 1 236 votos e 1,7 pontos percentuais e o PSD e o CDS/PP descem respectivamente 212 e 601 votos.
Assim, segundo a Comissão Concelhia do PCP, confirma-se em Palmela «o ciclo do reforço constante da CDU desde 1995 em todas as eleições entretanto havidas» (para as Autarquias e para o Parlamento Europeu), que é «indissociável» da luta do PCP e da CDU em defesa dos trabalhadores e das populações, nas organizações, movimentos e instituições, designadamente nas autarquias locais maioritariamente CDU.

Portalegre

Em Portalegre, a CDU passou para terceira força política, continuando a ser a única que aumentou em percentagem e em número absoluto de votos, apesar de uma subida de 7,5% na abstenção.
O PS, apesar de partido mais votado, foi o que o eleitorado mais penalizou no concelho, o PSD prossegue o declínio eleitoral que iniciou em 1995 e o CDS/PP, «não obstante o recurso à demagogia e à distorção dos factos, não só perdeu votos como passou a ser definitivamente a 4ª força política local».
Os ganhos eleitorais da CDU reflectem, assim, «o apoio crescente aos seus candidatos, em especial a Joaquim Miranda, cabeça de lista, e a confiança no trabalho, nos projectos e na luta dos eleitos do PCP e da CDU».


«Avante!» Nº 1350 - 14.Outubro.1999